postado em 15/09/2008 18:03
A chance de desenvolver uma doença sexualmente transmissível é maior em pessoas com menos de 20 anos. Outros fatores contribuem para aumentar a vulnerabilidade às DST, como sexo desprotegido, múltiplas parcerias sexuais, sexo anal e uso de drogas injetáveis. Os dados são do mais recente levantamento sobre o assunto do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde em cinco capitais do país: Rio, São Paulo, Porto Alegre, Goiânia, Fortaleza e Manaus.
Entre 2004 e 2007, foram feitos testes de sífilis, gonorréia, clamídia, HIV, hepatite B e HPV em mais de 9 mil pessoas, divididas em três grupos distintos: 3.303 gestantes, 2.814 homens trabalhadores de pequenas indústrias e 3.210 mulheres e homens que procuraram serviços de saúde especializados em DST. Os dois primeiros compõem a amostra representativa da população geral dessas capitais ; mulheres e homens sexualmente ativos, entre 18 e 60 anos. O último conjunto concentra pessoas com características epidemiológicas de maior vulnerabilidade.
O estudo revelou que 42% das grávidas tinham, pelo menos, uma das DST analisadas ; 11% tinham uma infecção bacteriana e 37%, viral. Essas últimas, como o HPV e a hepatite B, não têm cura; podem, apenas, ser controladas, em alguns casos, com medicamentos caros e escassos. Entre essas mulheres, 16,7% tiveram mais de um parceiro sexual no ano anterior e 49,2% disseram que nunca usam preservativo com parceiro fixo. O grupo apresentou, ainda, prevalência de 40,4% para HPV.
Também chamaram atenção as prevalências de clamídia (9,4%) e gonorréia (1,5%). Um total de 10% das gestantes estudadas apresentaram infecção simultânea das doenças. Quando não tratadas, elas podem levar a complicações como parto prematuro, ruptura prematura de membranas, infecção puerperal, cegueira e pneumonia neonatal. A prevalência de sífilis (2,6%) também é um dado importante, pois a doença pode provocar aborto, morte do feto, malformações ósseas, surdez, cegueira e problemas neurológicos, entre outros.
Essas três doenças são curáveis e o diagnóstico e tratamento devem estar disponíveis na rede pública de saúde. Os medicamentos usados no tratamento, que devem ser prescritos por um médico, também são vendidos na Farmácia Popular, a preços que vão de R$ 0,39 a R$ 5 (exceto a penicilina benzatina, usada no tratamento da sífilis, e que deve ser aplicada por um profissional de saúde).
Os homens trabalhadores da indústria apresentaram o menor índice de ocorrência de DST (5,2%) entre os pesquisados. Clamídia foi a doença com maior prevalência (3,4%), seguida da sífilis (1,9%) e gonorréia e hepatite B, ambas com mesmo percentual (0,9%). Como o exame de HPV exige coleta de material em ambulatório, não houve investigação dessa doença no grupo, pois eles foram abordados no ambiente de trabalho.