postado em 17/09/2008 17:17
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, avaliou nesta quarta-feira (17/09) como inadequado o tratamento oferecido pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) s populações indígenas.
Questionado sobre a possibilidade de que a atenção primária saúde indígena deixe de ser responsabilidade da Funasa e passe a ser administrada pelo Ministério da Saúde, por meio de uma nova secretaria, ele a considerou positiva e avaliou que o país precisa de uma intervenção qualitativamente mais diferenciada.
O objetivo é garantir que a população indígena tenha um atendimento de mais qualidade. Para lidar com os graves desafios que essas populações hoje enfrentam. Elas apresentam uma taxa de mortalidade e de desnutrição maior do que a média da população geral, disse o ministro.
Segundo Temporão, a má qualidade do atendimento prestado pela Funasa pode ser percebido pelos resultados apresentados, até o momento, pelo órgão. Ele afirmou que não se trata de uma questão de capacidade, mas de lógica de funcionamento do modelo de atenção saúde.
Nossa avaliação é que, com esse redesenho, poderemos apoiar melhor os municípios e repensar melhor as parcerias com as Ongs [organizações não-governamentais], dando mais qualidade e melhorando a efetividade das políticas. O que queremos são resultados melhores e esses resultados não vinham acontecendo no ritmo que o governo avaliava como adequado.
O presidente da Funasa, Danilo Bastos Forte, rebateu as colocações do ministro. Ele afirmou que todos os indicadores de saúde indígena apresentados pelo órgão são positivos.
Forte citou como exemplo o índice de mortalidade infantil nas aldeias, que, segundo ele, gira em torno de 46 para cada mil nascidos vivos quando, há dez anos, registrava uma taxa de até 130. Há ainda, segundo ele, campanhas crescentes de vacinação. Segundo a Funasa, 66% da população indígena, está sendo vacinada.
Temos ainda 25 mil crianças atendidas por um programa de vigilância alimentar e nutricional. E o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] da Funasa já tem 244 obras prontas de saneamento, principalmente no que diz respeito ao abastecimento de água. Temos 17 mil índios já atendidos pelo PAC e a gente espera que, até o final do ano, consiga concluir mais de 500 obras nas comunidades indígenas, contou o presidente da Funasa.
Para ele, a discussão sobre quem deve se responsabilizar pela saúde indígena é um debate que vai e que vem. Ele disse que, por enquanto, continua trabalhando, mas não pode definir o que vai acontecer.
O diretor do departamento de Saúde Indígena da Funasa, Wanderlei Guenca, destacou que, entre as principais dificuldades está a ausência de profissionais dentro do quadro do órgão e que, por conta disso, é preciso buscar continuamente novas parcerias por meio de convênios.