Brasil

O preço da vaidade: médicos sem especialização se defendem

;

postado em 20/09/2008 09:06
A maioria dos médicos que fazem cirurgia plástica sem especialização organiza-se na Sociedade Brasileira de Medicina Estética, uma entidade que funciona em 10 estados, incluindo São Paulo e Brasília. Segundo a entidade, há 2,5 mil profissionais agindo assim em todo o país, dos quais 1,5 mil em São Paulo e pouco mais de 100 no DF. O Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) não reconhecem a Sociedade Brasileira de Medicina Estética. Na opinião do presidente da entidade, Valcenir Bedin, a SBCP ;persegue; os médicos sem especialização porque eles ;dão prejuízo;, já que acaba havendo uma divisão da clientela. ;A Constituição garante que um médico dermatologista possa abrir um crânio para tirar um tumor. Claro que isso não é recomendável, mas também não está de todo errado;, garante Bedin. Segundo ele, por uma questão política imposta na época do regime militar e que persiste até hoje, o CFM prefere dividir os médicos em especialidades. No entanto, ele diz que isso é um tipo de organização equivocada e que precisa ser revista. Bedin defende que a classe médica seja organizada em tipos de atividade. ;Nós estamos lutando para regulamentar a nossa entidade;, avisa Bedin, dermatologista que tem como especialidade implante capilar. O dermatologista Francisco Amaral atua no ramo da medicina estética há 15 anos. Faz lipoaspiração, lipoescultura e implante de próteses de silicone. Ele se orgulha de não responder a nenhum processo no Conselho Regional de Medicina e diz que os médicos com especialidade em cirurgia plástica ;esperneiam; porque estão perdendo clientes. ;Eu entendo que eles cobrem mais caro porque estudaram mais. Acontece que, no ramo da medicina estética, o profissional é um artista. Eu aprendi na escola do Ivo Pitanguy. Eu desafio quem disser que não estou preparado para atuar;, ataca. O presidente da SBCP, José Tariki, explica que, a rigor, todos os médicos podem fazer qualquer tipo de cirurgia. Esse direito é realmente garantido pela Constituição. O presidente da SBCP-SP, Prado Neto, também endossa essa afirmação. No entanto, eles sustentam que depende do ;bom senso; do profissional atuar somente na área para a qual está preparado. ;Conheço otorrinolaringologistas que fazem excelentes cirurgias de nariz. Esse tipo de operação envolve arte e nem sempre isso se aprende nos cursos de especialização;, admite Tariki. O problema, segundo ele, é que esse meio tem uma enorme quantidade de médicos que se aventuram no ramo sem qualquer domínio da técnica.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação