Brasil

Pesquisa mostra que maioria dos casos de disfunção erétil estão ligados a problemas emocionais

;

postado em 21/09/2008 09:16
O vigor da juventude nem sempre significa performance virtuosa na cama. Pesquisa do Projeto de Sexualidade do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (ProSex) mostrou que 35% dos homens no Brasil de 18 a 40 anos sofrem de disfunção erétil em algum nível.

Um novo estudo, com base no levantamento do ProSex, procurou identificar quem são esses jovens que costumam ;falhar; na hora H. Baixa escolaridade, pouco acesso a informações e experiências ruins no início da vida sexual estão entre as características do grupo analisado. Em quase 100% dos casos, a falta de ereção vem de uma dificuldade emocional, como ansiedade excessiva ou insegurança.

Autor da dissertação de mestrado intitulada Estudo da disfunção erétil em uma população jovem de homens brasileiros, que traçou o perfil desse grupo, o urologista Fernando Gonini destaca a prevalência de problemas psicológicos. ;Vimos, em toda a amostra de 2 mil entrevistados, um número insignificante de pessoas com doenças como hipertensão, diabetes ou colesterol alterado, fatores que provocariam a falta de ereção. Portanto, embora não tenhamos investigado a natureza das dificuldades emocionais, podemos afirmar que elas são a causa do distúrbio;, afirma.

Eduardo Bertero, diretor do Departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia, ratifica a opinião. ;É raro você ter um indivíduo de menos de 40 anos com algum problema mecânico no pênis. A maioria nessa faixa etária que chega à minha clínica e no serviço público, onde também atendo, sofre de muita ansiedade, fobias, angústias;, afirma o médico. Claudecy de Souza, psicoterapeuta sexual, explica que essas complicações emocionais são fruto de conceitos inadequados que o homem muitas vezes recebe e cultiva. ;Uma idéia equivocada muito comum é de que ele sempre tem que estar pronto para o sexo, o que não é verdade;, diz.

Essa cobrança exagerada, de acordo com o especialista, pode facilmente culminar em problemas entre quatro paredes. ;Os homens ignoram o estado físico e emocional deles mesmos. Imagine que o sujeito teve um dia difícil no trabalho, está cansado, chateado. Mesmo assim não pode falhar, tem que desempenhar o papel de machão, ser o super-homem;, critica Souza. Casos assim, destaca o psicólogo, são tratados basicamente com terapia. ;Nunca atendi nenhuma pessoa na faixa etária de até 40 anos que precisasse tomar medicamentos. O remédio só resolve o problema na hora. Mas temos que atacar a causa, que, entre os homens mais jovens, tem a ver com o estado emocional;, afirma.

Outro dado verificado na pesquisa é a baixa escolaridade dos homens acometidos pela disfunção erétil. Entre o grupo dos 2 mil entrevistados, com e sem o problema, 54% daqueles que tinham o 1; grau incompleto admitiram dificuldades de ereção. No universo dos que concluíram o nível superior, a prevalência foi de 23,4%. ;Trabalhamos com a hipótese de que o homem com menos instrução tem renda menor, índice de desemprego maior, pouco acesso a informações sobre sexo, tudo isso redunda em problemas de sexualidade;, afirma Gonini.

Leia a matéria completa na edição deste domingo do Correio Braziliense.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação