postado em 21/09/2008 10:40
Mais que embelezar jardins neste início de primavera, as flores do cerrado e da Mata Atlântica podem ajudar a curar doenças. Uma pesquisa em fase inicial, realizada na Universidade Católica de Brasília (UCB), para produzir antibióticos a partir das espécies popularmente conhecidas como alecrim-pimenta, maria-sem-vergonha, hibisco e margaridas, tem rendido resultados interessantes.
;Até o momento, os ratos que estão sendo tratados estão reagindo bem e não apresentaram alergias;, afirma o pós-doutor em bioquímica Octavio Luiz Franco, um dos coordenadores do estudo. A idéia é usar os experimentos para combater infecções hospitalares pulmonares, renais e intestinais.
Embora a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não disponha de números oficiais, estudos já realizados no país estimam uma taxa de 10% a 15% de infecções hospitalares no Brasil. ;Será um grande passo no combate ao problema se conseguirmos isolar esses antibióticos;, afirma Franco. Ele explica que a pesquisa começou analisando quase 20 espécies de flores, das quais apenas as quatro estudadas atualmente se mostraram eficazes. Na primeira etapa do experimento, os extratos retirados das plantas foram colocados em meio artificial junto a bactérias. De acordo com o pesquisador, os microrganismos foram mortos antes mesmo de crescerem.
Nessa primeira fase, os extratos retirados da flores foram utilizados na forma bruta. Agora, na segunda etapa do estudo, com os ratos, o composto já passou por uma purificação, que é a separação de proteínas com propriedades antibacterianas. ;O processo da purificação é importante porque cada flor chega a ter 2 mil proteínas;, explica Franco.
A aplicação em ratos, fase atual do experimento, deve durar cerca de seis meses. Dependendo dos resultados, passa-se à fase clínica, com pessoas. Mas esse, de acordo com o pesquisador, é um processo demorado, que precisa de muitas validações. O alvo dos antibióticos extraídos até agora são fungos que causam a infecção pulmonar e bactérias que provocam os problemas renais e intestinais. O impacto das infecções hospitalares no sistema de saúde é grande, pois estima-se que cada paciente acometido pelo mal estenda em quatro dias, em média, o tempo de internação.