postado em 28/09/2008 13:30
Cerca de 300 índios da etnia Guarani Kaiowá fizeram neste sábado uma caminhada no centro da cidade de Dourados, em Mato Grosso do Sul para sensibilizar a população sobre a demarcação da terra indígena na região.
;Os latifundiários dizem que a gente é improdutivo, não trabalha, dá prejuízo para o estado, atrapalha o progresso, o que não é verdade;, explicou o líder indígena e representante da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI), Anastácio Peralta.
Ele avaliou que o resultado da mobilização foi positivo, apesar de considerar que a imprensa local não costuma dar espaço para os argumentos dos índios na briga contra fazendeiros. ;Deu pra gente falar um pouco sobre o nosso sentimento, clarear um pouco as coisas para o pessoal de Dourados, que são muito preconceituosos;, avaliou.
Segundo Peralta, já existe um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado pela Fundação Nacional do Índio (Funai) com o Ministério Público para que a terra seja demarcada. Entretanto, os índios aguardam um estudo sobre a área total onde viveram seus antepassados ; local chamado por eles de tekohá.
;A gente precisa fazer um levantamento sobre onde estavam nossos antepassados. Sabemos que, por enquanto, são 36 áreas. Mas não sabemos se a demarcação deve ser contínua ou não. Precisamos do estudo pra isso;, completou Anastácio Peralta.
O relatório indicando os locais ocupados tradicionalmente e o levantamento fundiário da área, deve ser entregue pelos grupos de trabalho criados pela Funai até março do próximo ano.
Em nota divulgada no site da fundação, o presidente da Funai, Márcio Meira, reafirma o compromisso firmado com o Ministério Público de cumprir os prazos, inclusive o de finalizar o processo de demarcação da Terra Indígena Guarani Kaiowá até abril de 2010.
A nota também afirma que os setores produtivos terão seus direitos preservados e que o presidente da Funai está em contato com o governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, para que o processo seja pacífico.