postado em 01/10/2008 09:17
Em um dia de protestos, policiais civis em greve há 15 dias fizeram manifestações em várias cidades de São Paulo. A maior tomou conta do prédio da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). O plenário quase vazio contrastava com a superlotação das galerias. Aos gritos de "Fora Marzagão, pede demissão", os policiais buscavam o apoio dos deputados para tentar reabrir a negociação com o governo. Queriam a formação de uma comissão de líderes partidários que procurasse o governador José Serra, mas saíram de mãos abanando.
A iniciativa foi logo abraçada pelos deputados da oposição - como Carlos Giannazi (PSOL) e Roberto Felício (PT) - e pela bancada da segurança - deputados Conte Lopes (PTB), Edson Ferrarini (PTB) e Olímpio Gomes (PV), todos oficiais da reserva da PM. Mas foi bombardeada pelo líder do governo, deputado Barros Munhoz (PSDB). "Enquanto a greve durar, não há negociação. A intenção deles não é negociar, mas encurralar o governo." Na assembléia, só um deputado tentou defender a administração, Mauro Bragato (PSDB). Acabou vaiado.
Os policiais alegam que o governo tem folga para gastar com o funcionalismo público. Eles pedem 15% de reajuste neste ano, 12% em 2009 e 12% em 2010. Afirmam que o salário inicial de R$ 3,6 mil pago pelo governo paulista para delegados é o pior do Brasil. O governo oferece reajuste de 38% no piso salarial, a reestruturação das carreiras com a promoção de cerca de mil delegados e um aumento de 4,5% no salário base.
Boa parte dos manifestantes que ocuparam a Assembléia de São Paulo veio do interior em ônibus fretados. É justamente nessa região do Estado que a adesão à greve é maior, principalmente nas regiões de Ribeirão Preto e Bauru. O maior protesto no interior ocorreu em Campinas. Os sindicalistas reuniram ao menos 800 policiais de diversos municípios da região para a manifestação.
Internet - A greve da Polícia Civil aumentou o número de ocorrências registradas pela internet, na Delegacia Eletrônica. Isso porque os casos de furtos e desaparecimentos de pessoas, considerados de menor gravidade, não estão sendo registrados nos distritos policiais. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), na sexta-feira anterior à greve, o sistema registrou 1.635 ocorrências. Na terça-feira seguinte, dia 16, quando a greve começou, o número subiu para 2.268, um aumento de quase 40%. Até agora, o pico de operações ocorreu no dia 22, quando foram efetuados 3.117 registros. Nos fins de semana, o serviço sofre uma queda acentuada.