postado em 04/10/2008 09:34
Uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu a comercialização e o uso, em todo o país, dos antiinflamatórios Prexige, fabricado pela Novartis, e do Arcoxia na dosagem de 120mg, do laboratório Merck Sharpe & Dohme. Ambos são utilizados para tratamento de dor crônica. Os pacientes que tomam os medicamentos deverão procurar seus médicos para alteração do tratamento. Quem tiver comprimidos dos remédios vai ser ressarcido pelas empresas farmacêuticas. A determinação começa a valer na segunda-feira, quando a resolução será publicada no Diário Oficial da União.
De acordo com a Anvisa, os dois medicamentos provocam reações adversas nos sistemas hepático e cardiovascular. Só entre junho e agosto, 16 pacientes que utilizavam o Arcoxia 120mg tiveram problemas de pressão alta e alteração do ritmo cardíaco. No caso do Prexige, os efeitos colaterais ocorrem nos rins. Foram, só em abril, 211 queixas de pessoas que faziam uso do antiinflamatório. Os dois remédios sofreram restrições semelhantes em outros países. As duas empresas, em comunicado oficial, lamentaram a proibição, mas não questionaram a determinação.
;Entendemos a resolução como palavra final da Anvisa, uma vez que tivemos oportunidade de argumentar sobre a segurança do Prexige, lembrando que a utilização é aguda no Brasil e, portanto, por pouco tempo. Mas, se o órgão não se mostrou sensível em relação às nossas explicações, cumpriremos a decisão;, afirma Jorge Safi, diretor da área terapêutica da Novartis.
A forma de ressarcimento, tanto para os pacientes que usam Prexige quanto para os que tomam Arcoxia 120mg, será divulgada em breve pelas indústrias farmacêuticas. ;Todos que tiverem pelo menos um comprimido e a nota fiscal da compra serão reembolsados;, garante João Sanches, diretor de relações internacionais da Merck Sharpe & Dohme.
Pente-fino
A determinação da Anvisa é fruto de uma análise criteriosa dos remédios classificados como antiinflamatórios não esteróides inibidores da ciclooxigenase 2 (Cox-2). Tais medicamentos foram considerados revolucionários, há cerca de oito anos, por inibirem uma enzima que produz substâncias inflamatórias (a Cox-2) sem irritar o estômago ; até então o maior problema de quem precisava tomar drogas para dor crônica. Com o passar do tempo, entretanto, outros efeitos colaterais foram verificados, culminando na proibição. A partir de agora, todos os remédios dessa classe que continuam permitidos só poderão ser vendidos com receita especial, em duas vias, e uma ficará retida na farmácia. Hoje, basta apresentar o receituário.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor, Onofre Alves Neto, essas suspensões de medicamentos são naturais. ;O desenvolvimento científico é assim. Primeiro parecia que esses inibidores apresentavam menos prejuízos que os anteriores, mas só com a utilização é que se pode checar os reais riscos;, explica. Ele recomenda tranqüilidade aos pacientes. ;Sempre há outro remédio para substituir;, diz. O antiinflamatório Prexige era indicado para o tratamento de osteoriartrite, dor aguda e cólica menstrual, enquanto o Arcoxia é usado no tratamento de reumatismo, gota, artrite, dor articular e pós-operatórios.
Mais regras
As versões do Arcoxia que continuam liberadas, nas dosagens 60mg e 90mg, sofrerão modificações na bula para que sejam adicionadas as advertências sobre os riscos cardiovasculares, de acordo com a resolução da Anvisa. O antiinflamatório Celebra, produzido pela Pfizer, também terá que incluir na bula restrições quanto ao tempo de uso e utilização na gravidez. Um outro remédio da mesma categoria, o Bextra, também da Pfizer, ficará restrito aos ambientes hospitalares. A medida, segundo a Anvisa, deve-se aos riscos dos remédios e à falta de benefícios gastrointestinais.