postado em 07/10/2008 08:46
A mais forte e tradicional entidade de classe da Polícia Civil, a Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, decidiu nesta segunda-feira, em assembléia, suspender a greve que durava 20 dias e apresentar uma nova proposta de negociação para o governo do Estado. "Sei que vou ser criticado, mas não me importo. Defendi a suspensão da greve, pois, nesse momento, isso era o melhor para a instituição e para a classe", afirmou o delegado Sérgio Marcos Roque, presidente da associação.
O governo reagiu no começo da noite. "Assim que uma comunicação oficial da suspensão da greve feita pelas entidades representativas da Polícia Civil chegar, a Secretaria de Gestão Pública retomará de imediato o diálogo", informou em nota. A decisão da associação provocou um racha no movimento: de um lado as associações de classe, entidades mais antigas e representativas, e de outro os sindicatos. Trata-se de estratégia desejada pelo governo, que via nos sindicatos manipulação política.
Pela nova proposta, a associação defende o restabelecimento da aposentadoria especial para policiais por causa do risco da profissão; o fim das 4ª e 5ª classes (os dois níveis mais baixos da carreira) com a promoção imediata dos delegados para a 3ª classe; o fim dos dois níveis mais baixos do adicional de localidade, que seria transformado em único para todos os policiais; e o reajuste de 15% no salário-base neste ano, deixando de lado os reajustes de 12% em 2009 e 12% em 2010, que seriam negociados depois.
Publicamente o governo ofereceu 4,2% de reajuste no salário-base, o fim da 5ª classe e de um dos adicionais de localidade - o de nível mais baixo. Mas, segundo Roque, acenou-se aos integrantes da cúpula da Polícia Civil que poderia haver um reajuste de até 6,2% no salário-base e o fim das 5ª e 4ª classes - que seriam transformadas em estágio probatório. Foi com essa perspectiva que a associação suspendeu a greve. "A decisão está tomada. Esperamos informar toda a base até as 8 horas de quarta-feira", disse Roque.