Brasil

Casos de erros e acertos da polícia em seqüestros

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postado em 23/10/2008 08:50
Está nas mãos do gerenciador da crise ou comandante da operação (nos casos conduzidos pela Polícia Militar) tomar qualquer decisão. Acionar o sniper (atirador de elite), invadir o local, continuar a negociar? São respostas difíceis, cujo resultado ninguém sabe dizer com 100% de certeza. Veja alguns casos conhecidos, acompanhados dos comentários de especialistas: Caso Furlan (SP) ; 1990 Enquanto a Polícia Militar de São Paulo tentava convencer o assaltante Gilberto Palhares a soltar a refém Adriana Caringi, de 23 anos, o atirador de elite Marco Antônio Furlan, cabo da PM, preparava a ação. Agachado junto a um poste, com um fuzil Belga nas mãos, Furlan estudou a cena por 20 minutos antes de atirar. A bala percorreu 30 metros em diagonal e explodiu a cabeça de Palhares. Adriana também caiu, pois o projétil varou o crânio do seqüestrador, atingindo-a. "Acionar o sniper é sempre temerário, por isso a recomendação é tentar negociar. Mas há casos em que é preciso usar o atirador", afirma o delegado da Polícia Federal Daniel Sampaio, que já trabalhou em casos emblemáticos, como o seqüestro do irmão dos cantores Zezé di Camargo e Luciano e no do avião da Vasp, seqüestrado, em 1988. Caso do assalto em farmácia da Ceilândia (DF) ;2008 A opção pelo sniper, nesse caso, foi bem-sucedida. Após cinco horas de negociação, o assaltante de uma farmácia não concordava em largar os dois reféns. A Polícia Militar do Distrito Federal decidiu, então, atirar. Um disparo certeiro, classificado como perfeito por especialistas, atingiu a cabeça do assaltante. Os reféns saíram ilesos. De acordo com o diretor da Divisão de Operações Especiais (DOE) da Polícia Civil do DF, Marcelo Fernandes, o uso do sniper, muitas vezes, é a saída mais interessante. "Não é que a polícia queira matar. Trabalhamos para preservar a vida de todos, inclusive do perpetrador. Mas numa hierarquia, temos a vida do policial e do refém como as mais importantes, depois vem o seqüestrador", destaca o policial. Caso do ônibus 174 (RJ) ; 2000 Sandro do Nascimento tenta assaltar um ônibus no Rio de Janeiro, algo dá errado e ele mantém todos os passageiros reféns. Durante horas de negociação, a polícia consegue fazer o assaltante liberar quase todos os reféns. Resta apenas a professora Geísa Firmo Gonçalves, de 20 anos, que serve de escudo quando o bandido desce do ônibus, numa demonstração de que ia se entregar. Nesse momento, o soldado Marcelo de Oliveira Santos, do Batalhão de Operações Especiais, dispara um tiro contra Sandro. Mas a bala mata a refém. "Foi uma ação brilhante do ponto de vista da negociação. A polícia conseguiu fazer o bandido liberar dezenas de reféns. Mas uma ação atropelada e isolada de um policial colocou tudo a perder", afirma Daniel Sampaio, da PF. Sandro também foi morto na viatura, logo após ser detido.

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