Brasil

Antes de se entregar, pai de Eloá ajuda polícia

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postado em 30/10/2008 08:53
São Paulo ; Mesmo foragido, o pai de Eloá Pimentel, 15 anos, seqüestrada e morta pelo ex-namorado em Santo André (SP), começou ontem a colaborar com a Polícia Civil de Alagoas na intenção de ter a prisão relaxada. Everaldo Pereira dos Santos forneceu informações que podem ajudar na captura de oito foragidos da Justiça acusados de participar de um grupo de extermínio que age no Nordeste. Os pistoleiros de aluguel seriam ex-policiais militares integrantes da chamada ;gangue da farda;. Everaldo é réu no mesmo processo que acusa Lindemberg Alves, 22 anos, pela morte de Eloá. O pai da adolescente é processado por falsidade ideológica, uso de documento falso e porte ilegal de armas. Ele utilizava o nome falso de Aldo José da Silva para ocultar a verdadeira identidade em razão de crimes que teria cometido em Alagoas. Ele é acusado de matar o delegado Ricardo Lessa, em 1991. Os advogados do acusado ainda negociam a rendição. Em troca das informações, Everaldo seria beneficiado com a delação premiada. A polícia, porém, precisa vencer a resistência do Ministério Público, que ainda não autorizou o acordo. Lindemberg deve sair hoje do isolamento e passar a ter contato com outros presos da Penitenciária de Tremembé II, onde está há 10 dias. Ao sair do isolamento, Lindemberg poderá receber visitas de familiares e amigos a partir de sábado, único dia de visitas na penitenciária. Segundo a administração do presídio, até o momento, ele só viu médicos, psicólogos, assistentes sociais e duas advogadas. A Polícia Civil de São Paulo recebeu ontem os laudos de duas perícias feitas no apartamento onde ocorreu o seqüestro. Uma equipe de psicólogos deverá opinar amanhã sobre a possibilidade de Nayara voltar ao local do cativeiro para participar da reconstituição do crime. A adolescente, que ficou refém junto com a amiga Eloá, já disse que não se incomoda em ajudar. Novo endereço A Polícia Civil entregou na terça-feira à família de Eloá o apartamento onde o crime ocorreu. A mãe da menina, Ana Pimentel, 42 anos, disse, no entanto, que não pretende mais voltar ao imóvel. Em uma carta enviada à Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), ela pediu para ser transferida para outro apartamento, alegando o trauma vivido com o seqüestro. Não é comum que a CDHU faça esse tipo de transferência, mas o órgão decidiu abrir uma exceção. A família de Eloá paga há 10 anos as prestações do apartamento e nunca ficou inadimplente. O financiamento no programa dura 25 anos. Túmulo de adolescente vira atração A sepultura de Eloá Pimentel virou atração no Cemitério Jardim Santo André, na Região do ABC Paulista. Centenas de pessoas visitam diariamente a lápide de número 520, onde está enterrada a garota. A maioria dos visitantes mora nas redondezas e leva cartas, flores, brinquedos e fotografias para a adolescente. No fim da tarde, a administração do cemitério recolhe tudo e manda entregar para a família de Eloá. Entre os visitantes que foram ao local esta semana estavam familiares de Maria Augusta da Silva, 39 anos, a quem foi doado o coração da menina. Eles depositaram flores no túmulo de Eloá na segunda-feira. ;A minha tia passa bem e ela disse que vai mandar rezar uma missa para a alma de Eloá em agradecimento;, disse Cynthia da Silva, 24, sobrinha de Maria Augusta. Um grupo de jovens da escola em que Eloá estudou passou boa parte da manhã rezando em frente à sepultura. ;Ela está fazendo muita falta na escola. A professora de geografia não foi hoje e resolvemos prestar uma homenagem à nossa amiga;, ressaltou Silvana Coimbra, 16 anos, amiga da adolescente. Segundo a administração do cemitério, o lugar recebeu pouco mais de 3 mil visitantes desde que a menina foi enterrada, há uma semana. Nas cartas que os visitantes deixam para Eloá, há desejos de paz e muitos pedidos de proteção e realizações pessoais. ;Pedi para que ela arrume um namorado para mim;, conta a adolescente Tatyana Lima, 17 anos. O jovem Henrique Soares, 16, pediu ajuda para passar de ano, pois ele precisa de boas notas em matemática e história. ;Minha mãe vai me matar se eu ficar em recuperação;, conta.

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