postado em 31/10/2008 16:07
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), disse que foi iniciativa de sua gestão a investigação do esquema de fraudes em licitações em hospitais públicos em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás, e que resultou na Operação Parasitas, deflagrada ontem pela Polícia Civil. "Foi iniciativa do próprio governo (paulista). Estamos exatamente combatendo desvios de dentro e de fora do governo", ressaltou o tucano, após cerimônia de assinatura de contratos para investimentos em rodovias no Estado, na capital paulista.
O governador elogiou o trabalho do corregedor Rubens Rizek, responsável pela investigação, e aproveitou para homenageá-lo. "É um excelente corregedor. Há um ano, ele começou esse processo de investigação, em parceria com o Ministério Público e com a Polícia Civil", afirmou, ressaltando que o resultado do trabalho foi a descoberta de uma rede de desvio de dinheiro público tanto no Estado quanto em diversos municípios.
A Polícia Civil prendeu ontem cinco acusados de pertencer à quadrilha responsável por fraudes em licitações nos principais hospitais públicos do Estado e da Prefeitura de São Paulo e de outros 29 municípios do interior, do Rio, de Minas e Goiás. Os empresários são suspeitos de subornar agentes públicos e superfaturar preços, além de entregar produtos de má qualidade - quando entregavam -, pondo em risco a saúde dos pacientes. Estima-se que o esquema tenha faturado R$ 100 milhões nos últimos dois anos. O grupo é investigado ainda por sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Não foi o primeiro esquema de desvio de dinheiro da área da saúde, tanto no âmbito estadual quanto federal. De fato, alguns dos suspeitos são pessoas e empresas investigadas em outros escândalos, como o da máfia dos sanguessugas e o das fraudes no antigo Plano de Assistência à Saúde (PAS), da Prefeitura de São Paulo. Ainda assim, Serra negou dificuldade em conter a corrupção na área de saúde.
"Quando se combate um esquema de corrupção, em geral ele é clandestino, você precisa descobrir. A corrupção não se faz à luz do dia", disse o governador, ressaltando que "quando o corregedor desconfiou que tinha coisa, começou um processo que acabou dando certo". "Eu preferiria que eles não tivessem encontrado nada, mas, uma vez tendo indícios, a gente investiga.