postado em 01/11/2008 10:43
Ausente até agora dos debates a respeito da greve da Polícia Civil em São Paulo, que completa neste sábado (01/11) 47 dias, o secretário de Segurança Pública do Estado, Ronaldo Marzagão, evitou se pronunciar até no auge da crise, quando as Polícias Civil e Militar entraram em confronto nos arredores do Palácio dos Bandeirantes, com um saldo de 32 feridos. Na tarde de ontem, Marzagão recebeu o Estado para falar pela primeira vez sobre o assunto e ligou a paralisação às trocas nas chefias da corporação feitas pelo governo do Estado.
Segundo ele, as reivindicações vão além das questões salariais e dos interesses político-partidários, aspecto destacado pelo governo após o confronto no Morumbi nas vésperas das eleições municipais. Para o secretário, deve-se também levar em conta mudanças importantes feitas na cúpula da polícia que, segundo ele, contrariaram interesses que permaneciam intocados havia anos.
Evitando personalizar ou citar nomes, Marzagão dá como exemplos os casos que levaram ao afastamento de delegados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) em Ferraz de Vasconcelos e a prisão de funcionários em Circunscrições Regionais de Trânsito (Ciretrans) envolvidas com esquemas fraudulentos de emissão de carteiras de motoristas. Aponta também transformações estruturais como as verificadas em seccionais importantes, como as de Mogi das Cruzes e Bauru, e em departamentos como o de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro) e na Divisão de Inteligência Policial (Dipol).
"O governador José Serra incumbiu-me de implementar mudanças de cultura. Há profissionalização e meritocracia, não loteamento de cargos. Uma mudança de cultura não é absorvida facilmente. Há sempre resistências a essas mudanças e não será por causa dessas resistências que iremos mudar nosso caminho, que já está traçado e é irreversível", diz Marzagão. Segundo ele, as ingerências políticas não afetam mais escolhas para os cargos mais importantes na hierarquia.