postado em 02/11/2008 11:47
Com um pouco mais de estrutura e recursos, o Brasil tem condições de zerar a fila de pessoas que necessitam cirurgias de catarata ; opacidade do cristalino que leva à perda significativa da capacidade visual. A avaliação é de oftalmologistas que estiveram reunidos em Brasília, entre quarta-feira e sexta-feira passadas, no 3º Fórum Nacional de Saúde Ocular. Durante o encontro, os especialistas apresentaram as atuais condições de saúde ocular dos brasileiros e reivindicaram maior divulgação para os estados e municípios sobre o financiamento de cirurgias pelo Ministério da Saúde.
De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), existem no país cerca de 1,4 milhão de cegos. O número de pessoas com baixa visão é 3,4 vezes maior. Ainda segundo o CBO, o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou 220 mil cirurgias de catarata em 2007. ;Precisamos atender 550 mil pessoas por ano para erradicar a doença. Os 14 mil oftalmologistas que existem no Brasil estão treinados e capacitados para isso;, ressalta o presidente do conselho, Hamilton Moreira. Apesar do déficit de cirurgias, Moreira não acredita que seja necessário o país retomar o sistema de mutirão de cirurgia para resolver o problema.
Para ampliar o atendimento, Moreira defende maior divulgação de uma portaria do ministério que prevê repasse para os municípios, por meio dos estados, de R$ 2,25 por habitante para a realização 86 procedimentos eletivos, incluindo cirurgias oftalmológicas. Ou seja, uma cidade onde vivem 10 mil pessoas tem direito a receber R$ 22.500 para esse fim. ;É uma verba extra que até agora teve pouca assimilação por parte de estados e municípios. O recurso federal está disponível e os gestores têm de ir atrás.;
O assessor técnico do Departamento de Média e Alta Complexidade da Secretaria de Assistência à Saúde do Ministério da Saúde, Alexandre Taleb, explica que o estado interessado no recurso deve encaminhar um projeto para a coordenação de Média e Alta Complexidade. Entre as especificações exigidas na portaria, o gestor precisa indicar em quais e quantas cirurgias quer investir o recurso. ;A prestação de contas é semestral;, ressalta.
O oftalmologista João Orlando Ribeiro Gonçalves, secretário municipal de Saúde de Teresina, diz que o Piauí pode fazer em torno de 12 mil procedimentos por ano. ;Temos material humano para isso. Já chegamos a fazer 11 mil cirurgias anuais, mas atualmente estamos fazendo 4 mil. No Brasil, estávamos fazendo 220 mil por ano por falta de financiamento. Com o recurso extra da portaria, podemos rapidamente passar para 600 mil;, calcula.
De acordo com o relatório As condições de saúde ocular no Brasil 2009, a catarata está entre as principais causas de cegueira. A doença atinge principalmente os idosos, representando 47% dos casos de perda de visão.
PROBLEMAS MAIS COMUNS
Veja abaixo quais são as doenças que mais afetam a saúde ocular do brasileiro. Catarata e glaucoma, junto com a degeneração macular relacionada à idade (DMRI), são as maiores causas de cegueira no país e no mundo:
Retinopatia diabética
É a maior causa de cegueira prevenível em pessoas com até 60 anos, atingindo até 50% dos pacientes com diabetes
Problemas de refração
Reúne os casos de miopia, hipermetropia e astigmatismo. A população míope no Brasil é estimada entre 20 e 38 milhões de pessoas. A hipermetropia prevalece em 34% da população
Catarata
Opacidade do cristalino que leva à perda significativa da acuidade visual. É a maior causa de cegueira curável, respondendo, atualmente, a 48% dos casos de perda de visão no mundo
Glaucoma
Afeta o nervo ótico, causando perda progressiva do campo visual, da periferia para o centro. O maior fator de risco é a pressão intra-ocular elevada