postado em 04/11/2008 09:10
Apesar da queda na taxa de desmatamento na Amazônia registrada de junho a setembro tanto pelo Deter ; que coleta dados dos satélites analisados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (INPE) ; quanto pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) ; medido pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) ; cerca de 18% da maior floresta tropical do planeta já foram inteiramente destruídos. A área onde não há mais floresta equivale a 770 mil km² e corresponde a três vezes a extensão territorial do estado de São Paulo.
O Imazon estima que essa destruição ocorreu nos últimos 30 anos a um ritmo de 0,5% da área total da Amazônia Legal ao ano. O Imazon calcula que exista mais um hectare de florestas degradadas para cada hectare de floresta destruída, onde houve o corte raso das árvores. Além dos 18% da Amazônia transformados em cinzas e pasto, outros quase 30% da floresta já sofreram degradação elevada. Nesse caso, ainda há como recuperar a floresta se for feito um intenso programa de replantio a longo prazo.
Em setembro, o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon registrou 348km² de desmatamento na Amazônia, representando uma queda de 69% em relação a setembro do ano passado, quando as queimadas destruíram 1,1 mil km². Desde o chamado início do calendário de seca, que começa em julho quando pára de chover na Amazônia, o total destruído vem caindo. Em agosto, foram 459 km² . Em relação ao desmatamento ocorrido no mesmo período do ano anterior (1.775km²), houve uma redução de 74%.
Degradação incompleta
Pela primeira vez, o Imazon identificou os casos de degradação florestal, locais que sofreram exploração madeireira ou foram afetadas por queimadas de várias intensidades, mas que ainda não são áreas inteiramente desmatadas. Com esta separação dos dados, o SAD registrou outros 345 km² de florestas degradadas na Amazônia Legal. Desse total, 43% foram no Mato Grosso, 40% no Pará, 14% em Rondônia, 2% no estado do Amazonas e 1% no Acre.
Segundo o analista Adalberto Veríssimo, do Imazon, o corte do crédito rural determinado em junho pelo governo para o produtor rural que não se recadastrar nos órgãos do governo ; delegacias regionais do Ministério da Agricultura e órgãos da pasta do Meio Ambiente ; foi o principal fator inibidor do desmatamento entre julho e setembro. O recadastramento dos produtores rurais implica na regularização da propriedade.
Como o desmatamento ocorre em muitas fazendas irregulares, mas que antes da medida restritiva do governo recebiam crédito rural para custeio da produção, a falta de financiamento evitou novas derrubadas de áreas para a transformação em pasto. ;Uma medida econômica está surtindo mais efeito que a fiscalização;, comentou Veríssimo.