postado em 05/11/2008 16:34
Quase onze meses após o roubo das obras Lavrador de Café, do pintor brasileiro Candido Portinari, e o Retrato de Suzanne Bloch, do espanhol Pablo Picasso, o Museu de Arte de São Paulo (Masp) inaugurou nesta quarta-feira (5/11) seu novo sistema de segurança, considerado um dos mais avançados do mundo. Além de capturar imagens, o sistema também monitora todas as áreas do prédio inclusive os antigos pontos cegos do Museu, que não tinham vigilância.
Com certeza o Masp é hoje, também com as parcerias com a Polícia Militar e com a contratação de uma empresa de segurança armada, o museu mais seguro do país, disse Fernando Pinho, superintendente do Masp.
O equipamento instalado é todo digital, substituindo o antigo sistema de segurança que, segundo Pinho, funcionava com câmeras analógicas e fitas cassetes. Ao monitorar todos os ambientes do museu, as câmeras vão permitir aos operadores identificar em tempo real situações de roubos e furtos de obras ou até mesmo de objetos abandonados. Segundo Pinho, no momento em que uma obra for furtada, a Polícia Militar será avisada instantaneamente sobre a ocorrência.
O novo sistema do Masp, doado pela empresa LG Security System, tem investimento estimado em mais de R$ 1 milhão e é composto por 96 câmeras e sete monitores de alta definição. Além de movimentarem-se, algmas das câmeras "falam, comunicando ao desavisado visitante do museu que ele está ultrapassando a linha de segurança que o mantém a uma distância ideal da obra.
Um sistema de segurança como esse não tem por objetivo evitar apenas o roubo ou furto das obras. Também se quer evitar atos de vandalismo", afirmou o curador do Masp, José Teixeira Coelho.
Para ele, o novo sistema, é extremamente benéfico" para a obra e educativo para o público. "O fato é que a simples presença das pessoas num ambiente onde está exposta uma obra de arte pode ser teoricamente nociva a ela [ obra]. Aproximar-se demais das obras tocá-las para querer entender aquilo a que se propõem, prejudica enormemente a estrutura e a condição da obra, explicou o curador.
Além das inovações, a assessoria do museu informou que o Masp dispõe, desde o início do ano, de guardas armados, detector de metais e de uma cabine e uma viatura da Polícia Militar instalados no vão livre do museu e de câmeras de longo alcance e uma base fixa da Polícia Militar posicionadas na Avenida Paulista.
O Masp foi roubado na madrugada de 20 de dezembro do ano passado e as telas de Picasso e de Portinari foram encontradas pela polícia e devolvidas ao Museu no início deste ano. Também esse ano, quatro obras foram roubadas da Estação Pinacoteca, localizada no centro da capital paulista.
No ano passado, o Masp recebeu mais de 624 mil visitantes e espera receber outros 600 mil até o final deste ano. O Museu foi fundado em 1947 por Assis Chateaubriand e pelo crítico e jornalista Pietro Maria Bardi. Segundo o curador do Museu, o Masp tem hoje oito mil peças.
Uma nova diretoria para o museu foi eleita na última segunda-feira (3). João Vicente de Azevedo vai assumir a presidência do espaço cultural que vinha sendo ocupada pelo arquiteto Julio Neves nos últimos 14 anos.