Brasil

Falta de infra-estrutura é problema em mais da metade das escolas indígenas

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postado em 08/11/2008 14:22
Rio de Janeiro - Menos da metade das 2,5 mil escolas indígenas do país tem infra-estrutura adequada, de acordo com o Ministério da Educação (MEC). Além de prédios próprios ; muitas funcionam na casa de professores e galpões ; faltam banheiros, bibliotecas e, principalmente, luz elétrica. O problema é mais comum na Região Norte, especialmente na Amazônia. Há tempos, a melhoria nas escolas é uma das principais reivindicações do movimento indígena e, por isso, deve ser um dos temas da 1º Conferência Nacional de Educação Indígena, a ser realizada em setembro de 2009. Os encontros preparatórios começam em dezembro deste ano, nas escolas indígenas e em reuniões regionais em todo país. A falta de infra-estrutura nas escolas indígenas tem refletexo na qualidade de ensino. Salas abafadas e improvisadas atrapalham o aprendizado e a ausência de saneamento básico facilita a propagação de doenças como diarréia. A falta de luz elétrica também prejudica o aprendizado e deixa mais isoladas muitas aldeias. ;O sonho de todos povos é ter energia elétrica. Muitas escolas ganham kits de computador, às vezes, querem acessar a tecnologia como TV, DVD, para buscar mais conhecimento, mas acabam limitadas por conta da energia;, disse o coordenador de Educação Indígena da Secretaria de Educação e Diversidade (Secad) do MEC, Gersem Baniwa. Nas escolas, há ainda problemas com a merenda que, em muitos casos, é a base da alimentação em povos com casos de subnutrição. Embora o governo federal pague o dobro do valor normal pelas refeições indígenas, os governos municipais e estaduais não têm considerado os hábitos alimentares de cada aldeia. Além disso, devido às distâncias, há casos em que os produtos chegam aos alunos fora do prazo de validade. ;Em localidades como a Amazônia, as distâncias são enormes e a merenda não chega. Muitas vezes, não é por má vontade do gestor, é porque o transporte é muito difícil e caro;, informou o coordenador do MEC. ;Em alguns lugares, a distribuição custa três vezes o valor da comida e a distribuição, que deveria ser feita de dois em dois meses, é anual;, acrescentou. Durante a Conferência Nacional de Educação Indígena, os índios também devem tratar da educação fora das aldeias. Eles devem discutir a implementação da Lei 11.645, publicada neste ano, que obriga o ensino da história e cultura indígena em todas as escolas públicas e privadas do país. ;Os participantes devem falar sobre como querem ser retratados no material didático dos não-índios, principalmente do ponto de vista histórico;, disse Baniwa.

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