Brasil

Incra gasta R$ 843 mil para ativar cooperativa suspeita

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postado em 11/11/2008 11:23
Por meio do Incra, o governo federal vai bancar as obras para pôr em funcionamento a Cocamp (Cooperativa dos Assentados da Reforma Agrária do Pontal do Paranapanema), dirigida pelo MST e alvo de investigações e ações do Ministério Público Federal por suspeita de improbidade administrativa e desvio de dinheiro público. Inicialmente, há previsão do emprego de R$ 843,6 mil na cooperativa, que já recebeu mais de R$ 8,5 milhões em verbas governamentais e, uma década depois do término de sua construção, nunca operou. As obras para ativar os setores de laticínio e fruticultura da agroindústria localizada em Teodoro Sampaio (672 km a oeste de SP) têm início previsto para esta semana e são de responsabilidade da Superintendência do Incra em São Paulo. A direção da Cocamp, hoje com 1.700 associados, espera trabalhar com capacidade para produzir 50 mil litros de leite por dia. Já no setor de fruticultura a idéia inicial é beneficiar todos os tipos de frutas, com exceção das cítricas. Para dar transparência à liberação de mais recursos públicos na Cocamp, foi criado o Comitê de Controle, Monitoramento e Assessoria, que fiscalizará a aplicação do investimento. A proposta do comitê é evitar que o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) administre a verba, como ocorreu na década de 90, quando -após denúncias- a Justiça impediu que a Cocamp recebesse mais dinheiro. Na ocasião, sem condições de concluir as instalações do parque industrial, a cooperativa não conseguiu sair do papel. Fazem parte do novo comitê, de acordo com o Incra, dois prefeitos, representantes do próprio Incra, MST, Procuradoria da República e o bispo emérito de Presidente Prudente, dom José Maria Libório, aliado dos movimentos sem-terra e membro da CPT (Comissão Pastoral da Terra). Isso porque a direção do MST silenciou sobre o tema, após o histórico de denúncias de fraude na cooperativa. O bispo confirmou à reportagem que está marcada para o dia 5 de dezembro a primeira inspeção nas obras. Para Libório, a diferença da iniciativa atual em relação à passada é a "seriedade das pessoas envolvidas". "Não vamos tocar no dinheiro, graças a Deus. A verba vem direto do Incra para resolver esse problema e nós vamos fiscalizar, acompanhar de fato", afirmou o bispo.

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