Os pacientes portadores de transtornos mentais, geralmente ignorados por políticas de educação sexual, também estão expostos ao HIV/Aids. Pesquisa inédita do Ministério da Saúde realizada com 2.238 pacientes de unidades de saúde mental das cinco regiões do país revelaram a prevalência de 0,8% do vírus da Aids nesse grupo. Entre os adultos da população geral o índice é estimado em 0,61%.
De acordo com o Ministério, a estatísica não quer dizer que há mais infectados entre os doentes mentais, já que os percentuais são bastante próximos, mas sim que eles estão mais vulneráveis. O risco está provavelmente relacionado a questões comportamentais e não necessariamente à presença dos transtornos.
"Eles têm vida sexual ativa, mas o uso do preservativo não é consistente", diz o coordenador da pesquisa, Mark Drew Guimarães.
Ainda de acordo com o estudo, 88% dos portadores de transtornos mentais já tiveram relações sexuais, porém somente 7% usaram camisinha em todas as vezes. Na população de adultos brasileiros, esse percentual é de 33%.
A pesquisa mostrou também, que nas unidades de atendimento psiquiátrico, os programas preventivos são poucos. Apenas 31% de todos os serviços oferecem atividades de educação específicas para infecções sexualmente transmissíveis. Trinta por cento das instituições distribuem camisinha.
Integração
A recomendação dos pesquisadores é que, a partir desses resultados, o Ministério da Saúde integre o Programa Nacional de DST/Aids à área técnica de saúde mental para desenvolver mecanismos que revertam esse quadro.
"É absolutamente necessário e urgente que se aumente a disponibilidade de preservativos nos serviços de saúde mental acompanhado de aconselhamento dentro dos programas de educação em saúde mental", diz a pesquisa.
Profissionais da área também deverão ser capacitados para aumentar seus conhecimentos e habilidades no aspecto de diagnóstico, tratamento e prevenção.
A pesquisa
Os principais resultados do Estudo de Soroprevalência da Infecção pelo HIV, sífilis, hepatites B e C foram revelados nesta terça-feira pelo Programa Nacional de DST e Aids e pela Coordenação de Saúde Mental do Ministério da Saúde. A pesquisa foi realizada em instituições públicas de atenção em saúde mental.