postado em 11/11/2008 20:36
O jovem pernambucano de 15 anos, primeiro brasileiro infectado com raiva humana a sobreviver, voltou a ser sedado no Hospital Oswaldo Cruz. A informação foi repassada na tarde desta terça (11) pela equipe médica que o atende, há exatamente 30 dias. Marciano Menezes da Silva apresenta quadro de convulsões e ainda corre risco de morte ; apesar de já estar livre do vírus da raiva, segundo o infectologista Vicente Vaz.
Já o colega do Hospital Oswaldo Cruz (Huoc), o médico Gustavo Trindade, prefere esperar o resultado do terceiro teste de saliva para confirmar a eliminação completa do vírus do organismo do adolescente. De acordo com ele, dois exames já demonstraram a cura. O último teste deve ser divulgado até esta quinta (13).
Mesmo em caso de cura total, Marciano Menezes da Silva ainda não tem previsão de alta médica: tem que lutar contra possíveis seqüelas neurológicas e infecções. ;Nossa principal preocupação é o respirador, que pode causar infecções e ainda não pode ser retirado;, explica Trindade.
Tratamento
De acordo com o infectologista Vicente Vaz, o tratamento adotado segue o protocolo americano usado nas outras duas sobreviventes do mundo, além de em outros 14 pacientes infectados. A americana tinha a mesma idade do pernambucano e sobreviveu sem seqüelas. A colombiana ficou curada do vírus, mas faleceu devido a complicações posteriores.
O protocolo, discutido com os profissionais da Colômbia e dos Estados Unidos, ministra uma sedação com grandes doses de drogas comuns e um medicamento de efeito anti-viral, que os infectologistas do Huoc acreditam estar funcionando. O tratamento diminui o metabolismo do cérebro para impedir a proliferação da infecção. O Ministério da Saúde estuda adotar o procedimento em todo país.
Em um vídeo do The New England Journal of Medicine, a garota americana aparece falando, mexendo as duas mãos, andando e até correndo. Tudo isso apenas 18 meses após ter contraído raiva. "Uns podem ir muito longe como essa menina, outros não", disse Vaz.
"Se tudo der certo e ele (Marciano) continuar melhorando, o próximo passo seria tentar mandá-lo para um lugar como a Rede Sarah (de hospitais de reabilitação)", completou. Marciano está recebendo tratamento igual ao que foi dado aos outros dois sobreviventes.
Marciano foi mordido por um morcego há 65 dias e há 36 os sintomas começaram a aparecer. Antes desse caso, não se registrava raiva humana no estado há dois anos.