postado em 13/11/2008 09:35
Em meio a gritos de ;porrada, porrada;, alunos da Escola Estadual Amadeu Amaral, no Belém, Zona Leste de São Paulo, depredaram o colégio na quarta-feira (12/11) pela manhã. Pedras e carteiras foram arremessadas nos vidros. Portas foram arrombadas. Tapas e socos fizeram os professores, acuados, se trancarem dentro de uma sala. A revolta só terminou perto do meio-dia, com a chegada da Polícia Militar, acionada por vizinhos e funcionários da escola.
Em meio à correria, adolescentes de 5ª a 8ª séries choravam e gritavam, enquanto a diretora da unidade desmaiou, segundo testemunhas. U., uma aluna de 15 anos que teria sido pivô da confusão, ficou levemente ferida. Funcionários apontam a existência de um grupo chamado Primeiro Comando do Amadeu Amaral (PCAA) como responsável pelo tumulto. André Pimentel, delegado titular do 81º DP, afirma que a escola apresenta um histórico de brigas e depredações, mas que não há gangues agindo ali.
A pancadaria começou quando alunos rivais descobriram que U., da 8ª série, havia dormido trancada em uma sala de aula desativada no 3º andar, depois de ter sido ameaçada por outra aluna, J., de 18 anos, na terça-feira. ;Elas começaram a falar que eu era do Brás e não dali. J. começou a gritar comigo e aí começaram a falar ;porrada;. Quando ela veio para cima de mim, me tranquei na sala. Só no dia seguinte arrombaram a porta;, contou U.. ;Só sei que ontem a minha filha brigou na escola, apanhou e a direção não avisou;, disse a mãe da garota. Segundo J., a briga ocorreu por causa do comportamento de U, que ficaria se ;esfregando com os meninos;.
Um professor que pediu para não ser identificado conta que desde o início do ano os alunos têm quebrado janelas. Segundo ele, na segunda-feira passada, estudantes teriam tentado incendiar a escola, mas foram impedidos pela polícia. ;Tem um grupo de 12 líderes. Quando começa a confusão, há vários focos. Já os ouvi falando que vão colocar a escola no chão. Acho que eles se revoltam pela escola ser em período integral.; O colégio, inaugurado em 1909, tem 16 salas, 277 alunos e 63 professores.
Punição
O mesmo docente afirmou que a escola abriga alunos infratores que cumprem liberdade assistida. O professor diz que amanhã, às 7h, os funcionários estarão na escola, mas não querem que os portões sejam abertos até a semana que vem, ;para a poeira abaixar;. A Secretaria de Educação informou que a escola não reabrirá esta semana para que sejam repostos os móveis e negou que os professores tenham sido acuados ou estejam ameaçados no local.
Os educadores se reunirão hoje com a presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Azevedo Noronha, para definir que medidas devem ser tomadas contra os alunos que iniciaram o tumulto. Maria Izabel, que chamou a Secretaria Estadual de Educação de omissa, disse que foram os alunos que trancaram os professores. ;Trancaram os professores em uma sala por rebeldia, para mostrar força. Alguma punição a escola tem de dar;, afirmou.