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Laudo sobre acidente da TAM aponta falhas da Anac, da Infraero e dos pilotos

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postado em 14/11/2008 13:28
O laudo do Instituto de Criminalística (IC) sobre a tragédia do Airbus A320 da TAM, em julho do ano passado, aponta falhas da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), da Infraero e dos pilotos. O documento será entregue no início da próxima semana. O inquérito policial também será concluído nas próximas semanas e vai responsabilizar entre sete e 10 pessoas pelo acidente que matou 199 pessoas em julho do ano passado. A ex-diretora da Anac, Denise Abreu, deve ser uma das indiciadas. A Anac e a Infraero, empresa estatal responsável por aeroportos do país, serão citadas no laudo do IC por não terem medido com aparelhagem correta o coeficiente de atrito da pista de Congonhas momentos antes do pouso do avião. A medição foi apenas visual. Apesar de não ter influenciado diretamente no acidente, a falta dessa informação pode ter contribuído para os pilotos ficarem mais inseguros na hora da aterrissagem. O comandante Kleyber Lima e o co-piloto Henrique Di Sacco, que também morreram no acidente, serão citados por não terem percebido que as manetes da aeronave estavam em posição contrária, o que fez o avião virar para a esquerda e sair da pista. No Airbus, a manete direita estava na posição climb (acelerar) e a esquerda estava na posição reverso (frear). O laudo do IC tem cerca de 700 páginas e mais de 2.500 de anexos. O documento afirmará ainda que os pneus do avião e quantidade de água que havia na pista não foram determinantes para o acidente. Garoava no momento da tragédia. O fato de a agência ter proibido, a partir de 1º de abril deste ano, que as aeronaves do modelo Airbus A320 pousem em Congonhas com reverso (sistema auxiliar de freio) travado também deve ser destacado no inquérito. Na ocasião, o avião pousou com o reverso da turbina direita travado. Procurada, a Anac informou que não iria se pronunciar porque não teve acesso ao laudo. A Infraero não respondeu. Em setembro, a TAM foi multada pelo Procon do Rio Grande do Sul em quase R$ 1 milhão. Para o Procon, a TAM não poderia demorar tanto tempo, cerca de 7h, para divulgar a lista com os nomes dos passageiros mortos no vôo JJ 3054 . A decisão foi assinada pela defensora pública do estado do Rio Grande do Sul, Adriana Fagundes Burger, e pela coordenadora da 5ª Turma de Pareceres do Procon/RS. O documento ressalta o suplício a que foram submetidos os familiares das vítimas do vôo 3054, no Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, que foram obrigados a esperar das 18h45min, horário em que ocorreu o acidente, até a 1h44 minutos da madrugada do dia 18 de julho de 2007, para serem informados se seus famílias tinham ou não embarcado na aeronave acidentada. "Fomos procurados pelos parentes de vítimas em março deste ano ano, 8 meses após o acidente, e tomamos essa decisão pela total falta de consideração com as pessoas que passaram um verdadeiro suplício. Não queremos holofotes ou passar por oportunistas, apenas fizemos nosso trabalho. Foi uma resposta do poder público", disse Adriana Fagundes, que coordena o Procon do Rio Grande do Sul. O documento do Procon acrescenta ainda que "infelizmente, os familiares e amigos das vítimas tomaram conhecimento da lista de passageiros através de um rádio que foi disponibilizado num auditório do hotel acima mencionado, aproximadamente a 1 hora e quarenta e quatro segundos da madrugada do dia subseqüente ao acidente". Segundo a decisão do Procon, "houve tumulto e muito desespero dos familiares e amigos dos passageiros que tinham viagem marcada para o vôo acidentado, tendo em vista que, no balcão de atendimento do fornecedor, situado no aeroporto de Porto Alegre, os funcionários recusavam-se a dar informações sobre o ocorrido e, tampouco, forneceram a lista de passageiros que embarcaram na aeronave". A conclusão principal do Procon foi a de houve "a supressão da informação aos familiares das vítimas decorreu da desorganização do fornecedor que permitiu o acesso de passageiros e/ou funcionários e/ou tripulantes sem a devida identificação, não havendo outra explicação plausível para o consumo de mais de sete horas para saber, com exatidão, quem estava a bordo da aeronave acidentada". No aeroporto Salgado Filho, na noite do acidente, familiares de passageiros que tinham viajado de Porto Alegre para São Paulo entraram em desespero e tentaram invadir salas em busca de notícias. A Tropa de Choque da PM do Rio Grande do Sul foi chamada para conter o tumulto. Os familiares entraram em desespero porque dois vôos saíram de Porto Alegre para São Paulo em horários próximos e nenhuma das listas de passageiros foi liberada para tranqüilizar as pessoas. Em Brasília, a Infraero chegou a informar erroneamente que o vôo acidentado era o 5180. Mais tarde, a TAM corrigiu a informação. A TAM afirmou na noite do acidente que a lista seria checada com cuidado e divulgou um telefone 0800 para que as pessoas buscassem informações sobre possíveis vítimas. "À medida que os nomes forem confirmados, notificaremos as famílias antes que qualquer informação se torne pública, como determina a legislação vigente", afirmou a companhia em nota na data do acidente. A TAM chegou a divulgar duas listas com nomes de passageiros que estavam a bordo do vôo JJ 3054, mas com apenas165 pessoas. Depois corrigiu a informação afirmando que o vôo partiu de Porto Alegre com 100% dos assentos ocupados e uma criança de colo. No total, o avião levava 186 pessoas. A aeronave tinha 174 assentos para passageiros, seis para tripulantes e outros seis em condições de transporte de pessoas que não são comercializados - como funcionários da TAM em trânsito - o que significa 185 assentos disponíveis

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