postado em 17/11/2008 09:11
Uma menina de 9 anos, Lavínia Rabech da Rosa, foi encontrada morta, provavelmente por asfixia, no fim da noite de sábado, dentro de casa, na Vila Esperança, no bairro Atuba, região norte de Curitiba. O acusado, Mariano Torres Ramos Martins, de 45 anos, foragido da Colônia Penal Agrícola, quase foi linchado por moradores da região. Ele foi salvo por policiais, que o encaminharam para o Hospital Cajuru, de onde saiu na tarde de ontem para ser encarcerado, por flagrante de homicídio. Mariano, que nega o crime, foi encontrado dormindo embaixo da cama em que a menina dormia.
Exames do Instituto Médico Legal (IML) vão indicar se houve abuso sexual. O laudo deve ficar pronto dentro de 30 dias. Quando Lavínia foi morta, a mãe, Maura Bela Rosa, estava fora de casa. Ela teria saído para dar um telefonema e comprar lanche, ausentando-se por cerca de meia hora. Segundo Jéferson dos Santos, tio de Maura, o padrasto da menina, Mário Luiz de Castro, está com a perna fraturada e dormia no sofá da casa. Ele não teria escutado nenhum barulho no quarto, onde a garota estava com a irmã de 5 anos, que nada sofreu.
Socorro
Ao retornar para casa, Maura Bela foi deitar-se com as duas filhas. Mas, logo depois, acordou e ouviu uma espécie de ronco embaixo da cama. Quando ela se levantou, Martins teria saído de lá com uma faca nas mãos e escapado por uma janela. Maura Bela ainda teria tentado alcançá-lo, sem sucesso. Ao voltar, teria chacoalhado as crianças com as mãos e percebido que Lavínia não respondia. A menina foi levada a um posto de saúde, onde a morte foi confirmada.
Enquanto a mãe socorria a criança, vizinhos acionaram a polícia, que enviou viaturas para o local. Martins foi encontrado por populares a poucas quadras da casa de Lavínia e recebeu alguns golpes, principalmente na cabeça. Ele só conseguiu escapar com vida porque os policiais chegaram a tempo.
De acordo com o tio de Maura, o acusado é conhecido dos moradores do bairro, pois vive na rua e sempre foi atendido quando pedia comida. ;Inclusive na casa da Lavínia ele já ganhou comida;, ressaltou. ;Não dá para entender porque toda essa maldade.;
De acordo com Santos, os sinais eram de que a criança teria sido morta com um cadarço enrolado no pescoço. Ele cobrou pena mais rigorosa para os casos de abusos e mortes de crianças. ;Somente com penas maiores poderia se dar um basta nisto;, o tio-avô da menina.
Um grande número de pessoas se reuniu ontem à tarde na Associação de Moradores da Vila Esperança, um bairro bastante carente na periferia de Curitiba, aguardando a chegada do corpo da menina. Entre elas, o padrinho de Lavínia, Claudemir Alves de Almeida, inconformado com o crime. ;Como fazia quase todos os dias, ela esteve em casa ontem para pedir bênção;, contou.
O corpo da criança deve ser sepultado hoje no cemitério do Boqueirão. Segundo os familiares, Lavínia estudava em uma escola nas proximidades de sua casa, para onde ia sozinha. Era ela, ainda, a responsável por levar a irmã menor para as aulas. ;Agora o medo está em todos na região;, ressaltou o padrinho de Lavínia.
Segundo a polícia, o detido é foragido da Colônia Penal Agrícola de Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, e tem mandado de prisão expedido por dois crimes. Ele já teria sido preso outras três vezes por roubo e porte de arma.
Quatro mortes em 10 dias
Se ficar confirmado que Lavínia foi violentada, esse será o terceiro caso de abuso sexual contra crianças no Paraná em 10 dias. O primeiro foi a morte de Rachel Genofre, de 9 anos, encontrada morta por asfixia dentro de uma mala na rodoferroviária de Curitiba. Uma pessoa foi presa, mas exames de DNA descartaram a autoria.
Dias depois, foi encontrado o corpo de Alessandra Subtil Betim, de 8 anos, em Castro, na região dos Campos Gerais, que sofreu traumatismo craniano. Dois suspeitos foram presos. A terceira vítima infantil foi Pâmela Diele dos Santos, assassinada em Querência do Norte, no noroeste do estado. Segundo a polícia, a menina foi morta por Manoel Tenório de Miranda, que já está preso e teria confessado o crime, dando como justificativa uma vingança contra a mãe da criança, que teria rejeitado pedido de namoro. Dos três casos, é o único em que não há confirmação de violência sexual.