Jornal Correio Braziliense

Brasil

Ipea: Brasil está entre países que mais diminuíram desigualdade entre ricos e pobres

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O Brasil foi um dos países que mais diminuiu a desigualdade entre ricos e pobres na última década de acordo com o estudo comparativo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). O estudo Desenvolvimento e Experiências Nacionais Selecionadas analisou a situação de vários países, entre eles, África do Sul, México, Argentina, Brasil, Índia, China, Rússia, Espanha, Alemanha, Finlândia e Estados Unidos. Ao analisar a renda a partir da atividade produtiva, o Brasil da primeira metade da década de 2000 apresentou diminuição da diferença entre pobres e ricos em 7%. Essa diminuição ocorreu com maior ênfase na Alemanha (14%), país que já apresentava nos anos 1990 uma distribuição de renda muito mais justa que o Brasil. Na África do Sul, a diferença entre ricos e pobres recuou ainda mais que o Brasil, em 11% e no México, a redução ocorreu, mas apenas em 3%. Nos demais países, a diferença entre os que mais ganham e os que menos ganham aumentou, sendo que na Rússia, atingiu o índice de 40% e na China 36%, as maiores variações identificadas pelo estudo. Os dados apontam ainda que a riqueza média do brasileiro aumentou um terço em 30 anos. Na China, o aumento foi de dez vezes e na Índia, quase três vezes no mesmo período. Já nos Estados Unidos, na Espanha e na Alemanha, a riqueza média quase dobrou Para o coordenador da pesquisa, Milko Matijascic, a atual crise financeira não deve causar efeitos sobre o movimento de retração da desigualdade. ;Acredito que, apesar da crise, o movimento de redução da desigualdade de renda no país deve continuar. Na verdade, historicamente, são os momentos de crise que as desigualdades diminuem nos países em desenvolvimento;, considerou. ;O que não significa que seja bom termos uma crise;, ressalvou. Matijascic destacou a necessidade de políticas públicas contínuas focadas na redução da desigualdade como fator de desenvolvimento. ;A desigualdade pode se reduzir, mas precisamos de políticas e acho que a sociedade está muito consciente disso. É preciso continuar promovendo a redução das desigualdades. Isso é uma condição necessária para o desenvolvimento brasileiro, principalmente para o desenvolvimento sustentável;, destacou. Competitividade e sustentabilidade Ele avaliou ainda que, entre os países analisados, o Brasil ficou em uma posição intermediária nos quesitos de competitividade, sustentabilidade e equidade analisados pelo estudo. ;O Brasil não foi um país que abandonou totalmente suas posições nacionais e por não ter abandonado, preservou um certo espaço de negociação e uma certa inserção;, avaliou. No entanto ele ressalvou que o país deixou de fazer o ;dever de casa; em áreas fundamentais como educação e por isso perdeu chances de melhorar as condições de vida da população. ;Por não ter atuado em alguns momentos de maneira mais proativa, o Brasil perdeu algumas oportunidades de melhorar as condições de vida. Mais recentemente, isso tem sido recuperado, desde o começo dessa década, com políticas sociais mais proativas e isso tem sido muito importante para a recuperação do mercado interno. Essa recuperação vai mostrar os seus benefícios principalmente em um momento de crise;, analisou.