postado em 22/11/2008 10:45
Uma feira produtiva diferente. No lugar de grandes máquinas agrícolas e de bois de linhagem para exportação, de toneladas de soja e de milho, a 5ª Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária vai mostrar na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, de 26 a 30 deste mês, a pujança e a diversidade da cozinha brasileira, a produção de alimentos regionais e da indústria de móveis e de roupas feitas por comunidades do interior.
Haverá farta exposição de alimentos e produtos diferenciados, como salame de cupuaçu, tender de carne de avestruz, mel de jandaíra, geléia de cagaita, castanha de cumbaru, tudo misturado com sabão de leite de cabra, vestidos e bolsas de couro de peixe sapato de seringa e colar de crina de cavalo.
A expectativa do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), organizador do evento, é de que sejam negociados R$ 100 milhões durante os cinco dias da feita.
A partir da próxima quarta-feira (26), o Rio receberá diversas amostras da produção do Brasil real', define o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, traduzindo a expectativa de ampliar a visibilidade do trabalho gerado por 4,1 milhões de famílias de agricultores distribuídas pelos quatro cantos do país. O evento será realizado pela primeira vez na capital fluminense as quatro edições anteriores ocorreram em Brasília -- e terá como tema o Brasil Rural Contemporâneo.
É fundamental mostrar para o centro do país, num mercado como o Rio de Janeiro, a riqueza e a diversidade da agricultura familiar e dos assentamentos de reforma agrária. Estamos falando de gente que produz com muita qualidade e isso é importante para o Brasil se conhecer melhor, afirmou Cassel em entrevista Agência Brasil. Ele lembrou que a produção familiar responde por 70% de todos os alimentos consumidos diariamente pelos brasileiros e por 10% do Produto Interno Bruto (PIB).
De acordo com Cassel, a realização do evento ajuda a promover um olhar mais completo sobre a produção nacional, que geralmente é entendida como uma atividade voltada apenas para o mercado externo.
O meio rural é muito mais do que isso. Tem uma riqueza excepcional e é uma parte importante do Brasil. Além de garantir a segurança alimentar da nossa população, tem uma forma de produção e uma cultura própria. A possibilidade de entrar em contato com tudo isso propicia um olhar mais inteiro sobre o Brasil real, que não é só urbano, mas é urbano e rural, acrescentou.
Cassel também destacou que a feira vai contar com um espaço exclusivo para os produtos orgânicos, onde o visitante vai poder degustar sucos, geléias, licores e frutas cultivadas sem qualquer agrotóxico ou aditivo químico.
As pessoas estão cada vez mais preocupadas com sua saúde e com a qualidade dos produtos que consomem e esse modo de produção está historicamente associado agricultura familiar e aos assentamentos de reforma agrária. Quando a gente pensa nos grandes latifúndios, eles estão vinculados a todos os pacotes tecnológicos, mas a agricultura familiar é o oposto. Ela produz, em sua grande maioria, a partir do adubo orgânico e de um tratamento mais saudável e mais diverso do alimento, explicou.
De acordo com o MDA, a produção orgânica movimenta R$ 500 milhões por ano no país. O crescimento anual do setor é estimado em 30%.
A 5ª Feira da Agricultura Familiar e Reforma Agrária reunirá cerca de 550 grupos de produtores de todos os estados brasileiros. Ao todo, haverá 464 estandes distribuídos em cinco ambientes que reproduzem estilos e características das cinco regiões do país.