Brasil

Começa hoje congresso de enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes

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postado em 25/11/2008 08:33
Delegações de 140 países se reúnem a partir desta terça-feira (25/11), no Rio, no 3º Congresso Mundial de Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Até sexta-feira, os grupos vão discutir estratégias para lidar com o problema e trocar experiências sobre as mudanças das formas de violência contra crianças, como o uso da internet, comunidades virtuais e sistemas de mensagens instantâneas. ;Estamos chamando parlamentares para avançarmos na legislação. O que temos hoje é um ambiente transnacional de crimes sexuais. Seja na internet, no turismo, no processo migratório. Para além das legislações nacionais, precisamos caminhar para uma harmonia;, defendeu Carmen Oliveira, subsecretária de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente da Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Carmen ressalta que, desde o primeiro congresso, em 1996, os especialistas têm mudado o alvo de suas preocupações. ;Vamos examinar a mudanças de cenários. O quadro não é o mesmo de 1996. Há fatores novos. Quando você ataca uma ponta, o problema chega em outra. Nos preocupávamos com o que acontecia na rua e hoje a internet está aí;, citou. Entre os dados a serem apresentados está o levantamento feito pelo Disque 100, rede de disque-denúncia que recebe queixas de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes. Entre 1997, data da criação da linha, e outubro deste ano, o serviço recebeu 80.435 denúncias ; em 2003, eram 12 ao dia; atualmente, a média é de 93 a cada 24 horas. As maiores vítimas As denúncias, ao longo dos anos, citaram 131.143 vítimas, das quais 62% do sexo feminino. Os telefonemas tratavam de casos de negligência (35,16%), violência física e psicológica (33,66%) e violência sexual (31,18%). Em alguns casos, havia denúncia de mais de um tipo de violência por ligação. Os casos de violência sexual dizem respeito a abuso sexual (57,84%), exploração comercial sexual (40,37%), pornografia (1,79%) e tráfico de crianças e adolescentes (0,79%). ;É preciso ter maior clareza da dimensão do problema, que atinge todos os países, independentemente do estado de desenvolvimento, e em todos os contextos sociais;, afirma o oficial de proteção do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Abubacar Sultan. A principal novidade do terceiro encontro mundial, que será aberto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é a participação 300 jovens de 12 a 18 anos de todos os continentes. Foi criado um blog para ampliar as discussões entre os adolescentes e eles vão ocupar uma área de 600m² do centro de convenções, no Riocentro, inclusive com estúdio de rádio e tevê. É a primeira vez que o evento ocorre em um país em desenvolvimento. O primeiro Congresso ocorreu em Estocolmo, na Suécia, em 1996. Atualmente, 161 países são signatários da Declaração de Estocolmo e se comprometeram a desenvolver estratégias e planos de ação com diretrizes combinadas para enfrentar o problema.

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