postado em 26/11/2008 09:30
Os jovens latino-americanos são as maiores vÃtimas de mortes violentas em todo o mundo. Um estudo divulgado ontem mostra que, nesta região do planeta, morrem 36,6 pessoas de 15 a 24 anos em cada grupo de mil habitantes. Já nos Estados Unidos, a taxa cai para 12 e, na Europa, estaciona em 1,2. No ranking da vitimização juvenil, indicador que compara a mortalidade de jovens e não-jovens, o Brasil aparece em terceiro lugar entre os 83 paÃses pesquisados, perdendo apenas para Porto Rico e Venezuela. Os dados são da Rede de Informação Tecnológica Latino Americana (Ritla) e foram elaborados pelo sociólogo Julio Jacobo, diretor de pesquisas do Instituto Sangari.
De acordo com o estudo, quatro paÃses latinos encabeçam a lista dos homicÃdios totais. Pela primeira vez desde 1994, a Colômbia deixou de liderar o ranking e ficou atrás de El Salvador, que registra uma curva ascendente no número de assassinatos. O mesmo acontece quando analisados somente os homicÃdios juvenis. Nessa lista de mortes gerais, o Brasil está em quinto lugar, precedido por El Salvador, Colômbia, Venezuela e Guatemala.
Jacobo afirma que ainda não é possÃvel determinar por que as maiores taxas de assassinatos migraram de um território tradicionalmente ocupado pelo narcotráfico para o centro da América Latina. Porém, o estudo faz uma correlação com indicadores sociais que permitem compreender quais os fatores que mais influenciam na alta vitimização de jovens, independentemente do local onde acontece. Quanto maior o Ãndice Gini, coeficiente que mede a concentração de renda, maior o número de pessoas entre 15 e 24 anos mortas em situação violenta.
;Historicamente, sempre se explicou a violência pela pobreza. Porém, já fizemos outros estudos que mostram que pobreza não é sinônimo de violência. A visualização da injustiça ; ver, por exemplo que no Plano Piloto se pode consumir e nas cidades-satélites não ;, esse contraste, para o jovem, é muito marcante. E ele tende a querer fazer algo a respeito;, diz o sociólogo. ;Há paÃses pobres com baixos Ãndices de violência. O que mais me preocupa e o que mais reiteradamente estamos observando é que a exclusão social está gerando indicadores de homicÃdios tão altos;, concorda Jorge Werthein, diretor-executivo da Ritla.
Uma vida por R$ 250
Duzentos e cinqüenta reais foram o preço da vida de Alberto*, assassinado aos 24 anos, em 5 de abril de 2006. O rapaz devia a quantia a um colega, que não teve paciência para receber o dinheiro. A mãe de Alberto não descarta que a dÃvida tenha sido assumida para comprar drogas. ;Depois que ele morreu, eu descobri que estava mexendo com essas coisas. A mãe é sempre a última a saber;, lamenta Rosa, 49 anos. A cabeleireira convive com o drama de morar a poucos metros do local onde o filho agonizou durante duas horas, depois de levar três tiros na barriga e no tórax. Com medo de represálias, pede para não revelar o local onde vive, na periferia de BrasÃlia.
* Nomes fictÃcios a pedido da mãe do entrevistado
Ouça: o diretor-executivo da Ritla, Jorge Werthein, fala sobre polÃticas para a juventude