Brasil

Pobreza extrema contribui para exploração sexual, diz superintendente da PRF

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postado em 26/11/2008 11:47
A exploração sexual de crianças e adolescentes está ligada pobreza extrema e falta de apoio familiar. A opinião é do superintendente da Polícia Rodoviária Federal no Pará, Ismar Ferreira, que combate o problema num dos estados de maior incidência desse tipo de crime. Na Amazônia, em 90% dos casos elas são colocadas nisso pela família, por uma questão de subsistência e por falta de políticas sociais na região para tirar a criança da situação de risco, diz o policial, que participa do 3º Congresso Mundial de Enfrentamento Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, no Rio de Janeiro. Segundo ele, há duas formas mais comuns de exploração sexual de crianças na Amazônia. Nas rodovias, elas geralmente são oferecidas pelas famílias a caminhoneiros por valores irrisórios. Além disso, pessoas com maior poder aquisitivo costumam pegar as crianças em casas de famílias pobres para criar e fazer serviços domésticos. Muitas vezes, assinala Ferreira, elas acabam virando escravas sexuais. ;Uma vez eu desci uma área perto do Rio Gurupi, na Amazônia, e lá eu encontrei um senhor de 72 anos vivendo com uma criança de 11 que ele trocou por um saco de farinha;, conta Ferreira. Para ele, a solução do problema não está apenas na prisão dos culpados, mas no apoio social as famílias. ;Precisamos deixar de lado essa visão policialesca e ter um olhar mais voltado para a família dessa criança, para que ela não seja mais usada como mercadoria de troca;. Foi também no Pará que a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) financiou um estudo sobre a exploração sexual de crianças em regiões de garimpos. A pesquisa, que também identificou um perfil de meninas pobres e na faixa etária de 15 anos aproximadamente, foi encaminhado Secretaria Nacional de Justiça e servirá de embasamento para as ações do Plano Nacional de Enfrentamento Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, no estado. O Pará vai ser um dos estados chave na implementação do plano e essa região de Itaituba, onde o estudo foi realizado, é umas das que registram maior incidência entre as áreas de garimpo, explica Alisson Nascimento, do programa de situações de risco da Usaid. Segundo ele, a pesquisa fez uma identificação inicial do problema e propôs algumas soluções.

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