Jornal Correio Braziliense

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Congresso de combate à exploração infantil pede ação conjunta internacional

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Rio de Janeiro ; O 3; Congresso Mundial de Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes terminou ontem com uma certeza: é necessário agir imediatamente para frear o aumento da violação dos direitos da infância. Segundo o cenário traçado por representantes de 160 países que mandaram delegações ao evento, a violência sexual cresceu desde os dois últimos encontros (Suécia, em 1996, e Japão, em 2001). Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) apontam que, atualmente, 150 milhões de meninas e 73 milhões de meninos estão em situação de exploração. ;Agora é hora de agir;, resumiu a estudante Marieta Margarida Milanez, 20 anos, líder de um movimento de combate à violência na Colômbia.

Apesar do pedido da representante dos mais de 300 adolescentes e jovens de todo o mundo que estiveram no encontro, a Declaração do Rio não traz muitas medidas de resultado imediato. As quase 100 proposições falam principalmente de cooperação internacional e criação de bancos de dados. E parte das recomendações dão prazo de cinco anos para que os objetivos sejam cumpridos. ;O mundo não muda. Querem prender criminosos, mas não debater as questões de sexualidade;, resumiu a secretária executiva do Comitê Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual de Crianças e Adolescentes, Neide Castanha, do grupo responsável pela redação do documento final.

Avanços
Apesar da falta de urgência das decisões, o documento traz avanços cruciais. O principal diz respeito às novas formas de exploração de crianças e adolescentes, como a pornografia infantil na internet, o tráfico de meninos e meninas e a intensificação da migração pelo mundo. As novas tecnologias dominaram os debates e ganharam um capítulo específico no documento final.

Não é para menos. As imagens de pelo menos 500 mil crianças e adolescentes vítimas de violência sexual estão expostas na internet. Desse universo, cadastrado pelo governo do Canadá, mil foram identificados. Segundo a comissária da infância na Nova Zelândia, Cindy Kiro, 90% foram fotografados ou filmados por pessoas próximas. A solução, segundo ela, está na colaboração internacional. ;Passa por um trabalho intersetorial;, afirmou.


MILITAR FLAGRADO
Um militar da reserva da Marinha foi o primeiro indiciado na lei que pune com mais rigor os crimes de pedofilia na internet, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura do congresso contra exploração sexual realizado no Rio. O terceiro-sargento Francisco Luís Dias, 59 anos, foi flagrado ontem na capital fluminense durante um encontro com uma menina de 13 anos. No momento da prisão, Dias estava com vários vídeos com adolescentes. O acusado, que confessou o crime, pode pegar até 20 anos de prisão por armazenar e divulgar material de pedofilia.