postado em 01/12/2008 20:54
Uma ação da Polícia Militar na noite de domingo (30/11) revoltou um grupo de moradores do Jardim Rádio Clube, bairro da periferia de Santos, na Baixada Santista (SP). Os moradores destruíram dois ônibus depois que a Força Tática da PM invadiu a favela para apurar uma denúncia anônima de cativeiro. O jovem Roberto da Silva Figueiredo, de 23 anos, foi baleado, socorrido e morreu no Pronto Socorro da Zona Noroeste, onde a confusão continuou até pelo menos às 3 horas da madrugada. Para conter o tumulto, a PM atirou com balas de borracha contra a população, que atacou os policiais com pedras.
De acordo com o Boletim de Ocorrência registrado no 1º Distrito Policial de Santos, os policiais foram recebidos a tiro por Figueiredo ao chegaram a passagem 271 da favela. O jovem já tinha passagem pela polícia por associação ao tráfico. Na casa onde Figueiredo estava foram encontradas armas, munição e drogas. Além disso, a PM achou um relógio, quatro rojões, duas balanças e um binóculo. Entre as armas, havia uma metralhadora, quatro pistolas e dois revólveres calibre 38.
No entanto, moradores da favela desmentem a versão da polícia. Segundo vários deles, que preferiram não se identificar, a polícia já chegou ao barraco de Figueiredo atirando e não houve troca de tiros. "Aqui somos todos pais de família, gente trabalhadora, e não é para a polícia tratar todo mundo como bandido", disse um morador.
Segundo o Corpo de Bombeiros, dez homens e três viaturas foram chamados por volta das 21h40 para controlar o fogo no ônibus da Viação Piracicabana. Outro ônibus, da Viação Bertioga, foi apedrejado.
Em nota, a PM informou que "é uma instituição legalista e em busca da verdade real, já instaurou inquérito policial militar concomitante com já instaurado pela Polícia Civil". O comunicado reafirma que em pesquisa junto ao Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp) foi verificado que o infrator já possuía passagens criminais e que no 1º semestre de 2008, "foram apreendidos pela Policia Militar mais de 11 toneladas de drogas, 8 mil armas de fogo e realizou mais de 45 mil prisões em flagrante".