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Dragagem do canal de acesso ao Porto de Itajaí ainda deve demorar duas semanas

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postado em 23/12/2008 16:18
A dragagem do canal de acesso ao Complexo Portuário do Itajaí-Açu, em Santa Catarina, ainda deve demorar pelo menos duas semanas. As dragas ainda não chegaram. Uma está na Argentina, outra alugada no Rio de Janeiro e a terceira pode vir da China, segundo informou o diretor do Conselho de Autoridade Portuária (CAP), Anselmo de Souza. A expectativa é que, junto com o equipamento, cheguem os técnicos que vão realizar parte dos serviços. ;Se isso não ocorrer, haverá novo atraso, porque trabalhadores nacionais precisarão ser treinados para operar as dragas em Itajaí;, disse Souza. Ele lembrou que, pela legislação brasileira, nesses casos dois terços dos trabalhadores têm de ser brasileiros. Anselmo de Souza, que participou nesta terça-feira (23/12) de reunião da CAP, informou que será encaminhada à Secretaria Especial de Portos da Presidência da República solicitação para que a empresa que ficou em segundo lugar no processo de escolha para operação de dragagem assuma o contrato, pois o primeiro consórcio não cumpriu os prazos e parece estar com problemas no transporte das dragas para Itajaí. "A empresa chinesa prometeu colocar as dragas após a assinatura do contrato. Até agora, isso não apareceu aqui. Estamos recorrendo Presidência da República para colocar a segunda vencedora;, disse Anselmo de Souza. Itajaí, considerado o maior porto na exportação de itens frigorificados da América Latina e o segundo maior na de contêineres, deixou de funcionar totalmente entre os dias 21 de novembro e 3 de dezembro, devido aos estragos provocados pelas chuvas em Santa Catarina no mês passado. Com o problema, o porto deixou de receber três navios de grande porte por dia. A partir do dia 4 deste mês, apenas navios médios passaram a operar no porto. Entre as três dragas aguardadas, a maior tem capacidade operacional para 13 mil metros cúbicos. As outras operam com 3,5 mil e 5 mil metros cúbicos cada. Os equipamentos serão capazes de recuperar a profundidade do canal para 11 metros. Desde que teve suas instalações destruídas pelas enchentes, o Porto de Itajaí teve prejuízos estimados entre US$ 30 milhões e US$ 35 milhões ao dia. Ou seja, cerca de US$ 1 bilhão até a data de hoje (23/12). Os cálculos não incluem os prejuízos causados às empresas vinculadas aos serviços portuários na região, que chegam a 84% em torno do porto. A dragagem e as obras de recuperação dos berços (locais de atracação) vão usar os R$ 350 milhões liberados pela Medida Provisória 448, de 26 de novembro passado. Um consórcio, formado pelas empresas EIT Empresa Industrial Técnica S/A, DTA Engenharia Ltda, Equipav S/A Pavimentação e Comércio e Chec Dredging e CO. Ltda, que representa a chinesa Shangai Dredging Co, é responsável pela obra de R$ 17,5 milhões. O secretário especial de Portos, ministro Pedro Brito, esperava começar os trabalhos na semana passada. No dia último dia 12, Brito assinou a ordem de serviço para o início dos trabalhos de dragagem do canal, após acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em visita ao local. Pelos cálculos do ministro, iniciados os trabalhos, a dragagem estaria concluída em 90 dias. É necessária a remoção de 3.800 milhões de metros cúbicos de material do canal. Segundo a Secretaria de Portos da Presidência da República, a recuperação do porto é indispensável para 70% da economia de Santa Catarina. Com a proximidade do Natal, a inatividade no porto teve efeitos negativos também no comércio próximo ao local. Segundo a assessoria de comunicação do porto, as vendas do comércio da região estão bem abaixo das registradas no mesmo período do ano passado. Com a suspensão das operações, houve também queda no movimento de caminhões responsáveis pelo transporte de contêineres para o Porto de Itajaí, por exemplo, o que levou redução da atividade econômica na região. A perda do trabalhador portuário avulso com a paralisação do porto chega a R$ 150 mil ao dia. O prejuízo dos despachantes está por volta de R$ 100 mil por dia. "A empresa que venceu [o processo] é chinesa. Eles deram o preço e agora estão correndo atrás para descobrir onde estão as dragas. E nós parados aqui há 32 dias", reclama o diretor do órgão gestor da mão-de-obra do Porto de Itajaí, Luciano Rodrigues. A assessoria de comunicação do porto informou que, nos próximos dias, deverá estar concluído o berço zero, região de atracação das embarcações. Pronta a recuperação do canal, os berço zero e quatro, que não foi atingido pelas chuvas, serão responsáveis pelas operações parciais do porto para grandes atracações. Ao processo de preparação de um sistema de proteção ao Porto de Itajaí foram destinados R$ 50 milhões, para obras que possam evitar novos danos em situações como as provocadas pelo elevado volume de chuvas no estado no mês passado.

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