Brasil

Anac ameaça retirar linhas de Gol e Varig

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postado em 24/12/2008 08:09
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) exigiu ontem que a Gol Linhas Aéreas e a Varig aumentem o número de ofertas de vôos nos aeroportos do Galeão, no Rio de Janeiro, de Guarulhos, em São Paulo, e no Juscelino Kubitscheck, em Brasília, para evitar os atrasos registrados desde o último fim de semana nos embarques de passageiros nessas cidades. A diretoria da agência notificou as duas companhias, que fazem parte do mesmo grupo empresarial, e ameaçou cancelar rotas destinadas às duas companhias depois das festas de fim de ano como punição pela confusão causadas pelos atrasos. ;A análise da Anac sobre os problemas da Gol/Varig neste período de fim de ano poderá levar até mesmo ao cancelamento de vôos já autorizados para a companhia;, estabelece a nota da agência. Na sexta-feira da próxima semana, representantes das duas companhias vão se reunir com a diretoria da Anac para um exame do serviço prestado pelas duas empresas. Na reunião, a malha aérea das duas companhias será avaliada pela agência. A diretoria da instituição quer se certificar da capacidade das duas empresas de atenderem ao número de passagens vendidas para os períodos de Natal e ano-novo. A nota da agência também informa que a fiscalização da instituição passou a ser mais severa nas filas de embarques de passageiros da Gol e da Varig para testar o serviço de prestação de serviço ao usuário e na coordenação da malha aérea. Ontem, os índices de atrasos do grupo Gol/Varig ficaram acima da média nacional. As duas companhias são responsáveis por 40% do número de decolagens do país e registraram, juntas, atrasos em metade dos vôos de ontem, influenciando o índice nacional ; que atingiu 26,9% no início da noite, segundo boletim da Infraero, a estatal responsável pelo funcionamento dos aeroportos. A Gol/Varig registrou demora acima de 30 minutos em 49% das decolagens, o que provocou atrasos nas conexões previstas em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. O índice de cancelamentos de vôos nos primeiros quatro dias da Operação Feliz 2009 manteve-se na média do segundo semestre do ano, ficando em 2,7%, metade dos 5,6% registrados ao longo do mês de dezembro de 2007. Espera No Aeroporto de Brasília, o maior problema registrado ontem foi a longa espera no desembarque. O casal de jornalistas Daniel Cruz e Ana Inês teve que esperar a mãe dela passeando pelo aeroporto. O vôo da TAM tinha saído de Recife pouco antes das 14h, mas só conseguiu chegar a Brasília depois das 20h. ;Um vôo previsto de duas horas e sem escalas teve uma parada em Salvador e os passageiros só foram avisados disso quando já estavam no avião;, reclama Ana. As escalas e conexões surpresas são comuns neste vôo da TAM, segundo o casal que vive em Brasília, mas tem parentes em Recife. O advogado Jorge Luiz Cavalcante e o médico Américo Salgado da Silva aguardaram ontem por mais de uma hora parentes que estavam chegando de Belém (PA). A reclamação deles era de que o avião estava no pátio, mas havia muita demora na liberação das bagagens. ;Sempre informam que está faltando espaço no pátio para tantos aviões;, reclamou Américo. A bancária Ana Maria Barcelos conta que os atrasos nas chegadas não começaram com o aumento da movimentação pré-natalina. Ela fala com conhecimento de causa: todas as semanas, ela espera o marido, Sérgio Barcelos, também bancário, que trabalha em Curitiba (PR). ;Todas as vezes o vôo atrasa. A espera é tanta que já li uma biblioteca esperando ele;, ironiza. Problemas pós-fusão Uma pane nos sistemas de computação das companhias Gol e Varig foi o principal motivo para o registro de atrasos de metade das decolagens das duas empresas em várias capitais do país. Segundo fontes das duas empresas, com a fusão das duas companhias a direção do grupo Gol resolveu, há três meses, unificar também o sistema de despacho automático de aeronaves. Os novos programas foram testados com sucesso, mas na hora do atendimento real houve a pane. Segundo a direção da Gol, o defeito já foi corrigido e os atrasos ainda permanecem por causa dos reflexos das ocorrências do último fim de semana. De acordo com fontes das companhias, a Gol reviu o contrato que tinha com uma empresa responsável pelo embarque e desembarque de bagagens domésticas e internacionais, o que provocou a redução do pessoal terceirizado e o atraso na liberação de malas. A fusão da Gol e Varig provocou também a redução de pessoal, com reflexos no atendimento dos balcões de check-in. Em nota, a Gol informou que seus vôos estão operando praticamente dentro da normalidade e garante que o último relatório divulgado pela Infraero, a companhia reduziu para 6,9% o índice de vôos atrasados entre as 17h e as 18h de ontem. Respondendo às críticas do ministro da Defesa, Nelson Jobim, que apontou as demissões na Gol como principal causa dos atrasos, a empresa disse que seu quadro de colaboradores ;é condizente com as necessidades operacionais da companhia;.

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