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Suspeito de mandar matar Dorothy Stang é detido pela PF por falsificação de documentos e grilagem

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postado em 27/12/2008 08:54
O fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão foi preso ontem pela Polícia Federal, em Altamira, no Pará, acusado de falsificação de documentos e grilagem de terra. Conhecido como Taradão, ele foi, há dois anos, indiciado pela PF e denunciado pelos promotores de Justiça do Pará como um dos mandantes da morte da freira americana Dorothy Stang, assassinada por pistoleiros em fevereiro de 2005. Com a acusação, passou um ano e meio preso, mas foi libertado em 2007, graças a um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Desde então, passou a aguardar o julgamento em liberdade. A acusação de agora contra ele é outra, mas se refere ao mesmo conflito, que envolve o lote 55 da gleba Bacajá, na cidade paraense de Anapu, onde a missionária morta tentava implantar o Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS), um assentamento coletivista de reforma agrária. A prisão preventiva executada ontem à tarde foi determinada pelo juiz federal Antônio Carlos de Almeida Campelo, a pedido dos procuradores federais responsáveis pelo caso. O pedido foi provocado depois que o fazendeiro se reuniu em outubro com o superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de Altamira, Ulair Batista Nogueira, e alegou ter documentos que comprovavam a sua propriedade sobre os 3 mil hectares do lote 55. Na reunião, registrada em ata, Regivaldo Taradão tentou reaver a terra e chegou a propor a utilização dos pastos já formados para criar gado, em troca da liberação das áreas onde ainda há florestas para as famílias assentadas trabalharem com extrativismo. Novo processo A prisão de Regivaldo Taradão provocará a abertura de um novo processo, depois da denúncia que será oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF), agora pelo crime de grilagem de terra e falsificação de documentos. ;É preciso máximo rigor com os conflitos fundiários, porque eles são a causa de tragédias, como a morte da irmã Dorothy;, diz o procurador Felício Pontes Júnior, que acompanha o conflito de terra em Anapu há oito anos. A informação prestada na reunião com o superintendente do Incra, e repetida em depoimento na PF de Altamira, foi a sétima versão diferente que o fazendeiro apresentou sobre a sua ligação ao lote 55. Além da acusação pela morte da freira Dorothy Stang, o fazendeiro responde a outras ações judiciais por trabalho escravo, crimes ambientais e fraudes contra a antiga Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Regivaldo Taradão foi envolvido no caso Dorothy Stang depois que a polícia prendeu Rayfran das Neves Sales e Clodoaldo Carlos Batista ; os pistoleiros que executaram a freira ; e o intermediário do pedido de execução, Amair Feijoli, conhecido como Tato. Os três disseram inicialmente que tinham sido contratados por Taradão e por outro fazendeiro, Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida. Os pistoleiros e o intermediário foram condenados. Bida também foi considerado culpado em um primeiro julgamento, em 2006, ficou preso um período, mas acabou absolvido no início deste ano.

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