Brasil

Motoboy diz que matou por ter sido rejeitado

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postado em 10/01/2009 09:19
São Paulo ; O motoboy Marcelo Travitzki Barbosa, 29 anos, avisou à ex-namorada, Marina Sanches Garnero, que iria matá-la com um tiro, segundo disse ontem uma amiga da vítima, Suely Caldas, 22, durante o enterro da jovem. Na terça-feira à noite, ele foi até a academia onde Marina trabalhava, na Zona Norte da capital paulista, e fez a ameaça, cumprida na quarta-feira, quando disparou contra a recepcionista. Ontem, a polícia descobriu que a arma usada pelo motoboy, um revólver de calibre .38, havia sido alugada por um amigo, preso junto com Marcelo. Em depoimento informal, o assassino disse que planejou matar a ex-namorada porque havia sido rejeitado por ela. Ele contou também que teria usado cocaína para ter coragem de cometer o crime. Por fim, afirmou estar arrependido. Sob forte emoção, amigos e parentes enterraram o corpo de Marina no início da tarde, no Cemitério Memorial Parque Paulista, em Embu, na Grande São Paulo. ;Ela era uma garota cheia de sonhos. Estava feliz porque tinha concluído o curso superior e sentia-se aliviada por ter terminado o namoro com este bandido;, contou a publicitária Cynthia Helfenstein, amiga de infância da vítima. Segundo Cynthia, Marcelo já havia prometido matar a amiga há duas semanas, mas ninguém o levou a sério. ;A Marina contou isso de maneira natural. Não pareceu uma ameaça de verdade. Sabe quando alguém diz ;vou te matar;, de raiva? Foi mais ou menos assim que ele disse. Quando soubemos que ele invadiu a academia e atirou, fiquei em estado de choque;, lembra Sérgio Praddo, 22, outro amigo de Marina. Na academia onde a jovem trabalhava, as pessoas estão assustadas. Segundo um funcionário que não quis se identificar, pelo menos 20 alunos cancelaram a matrícula ontem, com receio de que haja outro assassinato no local. ;Algumas pessoas ficaram com receio e outras se sentiram incomodadas com a presença de jornalistas;, disse o funcionário. Informações Marina chegou a registrar dois boletins de ocorrência e dois termos circunstanciados contra Marcelo por causa de ameaças e agressões. Ele já havia sido condenado em 1998 por dois roubos e chegou a cumprir parte da pena em regime fechado. Estava em liberdade condicional desde 2007. Segundo o advogado Carlos Casemiro, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em São Paulo, ele deveria ter sido preso logo depois do primeiro boletim de ocorrência, já que estava em condicional. ;As delegacias não recebem informações de presos que cumprem pena em liberdade condicional ou assistida;, disse o delegado Henrique Costa Neto. Outro problema enfrentando pelas delegacias de São Paulo é que as informações das delegacias especializadas em crimes contra a mulher e contra crianças não ficam disponíveis no sistema geral, o que não permite que as demais delegacias tenham acesso a algumas informações. ;De fato, a vítima tinha registrado queixas contra o ex-namorado. Ocorreu que um investigador a procurou para ouvir mais sobre as agressões e ameaças e ela mesma pediu para não levar o caso a diante;, disse o investigador Celso Furtado. ;Ela pediu para não ser mais procurada porque os investigadores chegavam num carro da polícia no local de trabalho, o que não é muito agradável;, explicou Manoela dos Santos, 25, advogada e amiga de Marina. Segundo o advogado do motoboy, Estefenson Cardoso de Almeida, a defesa vai entrar com um pedido de habeas corpus, alegando que Marcelo só cometeu o crime porque estava apaixonado e é dependente de cocaína e álcool. Isso, segundo os advogados, tornaria o rapaz semi-imputável. ;Ele teve consciência de que se tratava de um crime, mas não conseguiu se conter;, justifica o defensor, ressaltando que seu cliente saiu recentemente de uma clínica de recuperação. Como o acusado tem curso superior ; ele é bacharel em direito ;, Almeida vai pedir ainda neste fim de semana sua transferência para uma prisão especial na Zona Norte de São Paulo. Atualmente ele está na no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Osasco.

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