Brasil

País registra 8 mortes por raios em apenas 15 dias

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postado em 15/01/2009 17:54
Oito pessoas morreram apenas nos 15 primeiros dias deste ano vítimas de raios em todo o país. As vítimas mais recentes são um trabalhador de Caraguatatuba, no litoral norte de São Paulo, atingindo enquanto roçava uma fazenda, e um homem de 33 anos que pescava em Capão da Canoa, no Rio Grande do Sul. Os dois morreram durante tempestades nesta quarta-feira, que atingiram vários estados no país. Em São Paulo, os ventos chegaram a 68 km por hora. Em Santos, no litoral paulista, as rajadas de até 97 km por hora derrubaram um armazém de sal do porto. Em Santa Catarina, morreu no fim da tarde de quarta o turista argentino Gerardo Arguello José, 48 anos, atingido por um raio na Praia do Mar Grosso, em Laguna. Morador de Córdoba, ele visitava o país com a mulher e três filhas e estava internado na UTI desde o último dia 9, quando foi atingido pela descarga elétrica. As outras mortes ocorreram na praia da cidade de Prado, na Bahia, e em Paulínia, em São Paulo. Na Bahia, quatro turistas morreram. Em Paulínia, a vítima foi um motorista de trator. O número de mortes e a incidência de raios preocupam os pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Nos primeiros 15 dias de 2008, foram registradas cinco mortes. Este ano, o índice de mortes causadas por descargas atmosféricas chega a uma a cada dois dias. São Paulo é o terceiro estado com maior incidência de raios por quilômetro quadrado. As últimas tempestades, porém, assustam os paulistanos. Na noite da última terça-feira, moradores do condomínio de luxo de Alphaville, em Barueri, na Grande São Paulo, viram uma saraivada de raios cortarem o céu. A tempestade começou às 22h30m. De acordo com Osmar Pinto Junior, coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), do Inpe, Alphaville registrou 1.700 raios durante 40 minutos. A marca foi de quase um raio por segundo. "Os moradores da região nunca tinham visto tanto raio no céu. Nunca viram aquilo na vida. Estamos preocupados em avaliar o que está ocorrendo e varrendo nossos dados para descobrir se há alguma ligação com o aquecimento global", diz o pesquisador. A queda de raios no Brasil é operada pela Rede Brasileira de Monitoramento de Raio. Os sensores são colocados no solo e a abrangência é de um raio de 350 km. A capital paulista não tem sensores e é monitorada por São José dos Campos, na sede do Inpe, a apenas 97 km de distância. Outros sensores que monitoram São Paulo estão em Pirassununga, Cachoeira Paulista, Ibiúna e Jupiá, na fronteira com o Mato Grosso do Sul, estado que lidera o número de raios por km quadrado. Segundo Pinto Junior, o número de mortes por raio pode ser tão grande quanto em 2008, quando 75 pessoas morreram em todo o país - recorde dos últimos 10 anos. O pesquisador do Inpe alerta que o número de vítimas é bem maior, já que o levantamento não inclui o total de feridos. A estimativa é que a cada uma pessoa que morre vítima de descarga elétrica, cinco ficam feridas. Com base neste cálculo, o Brasil teria cerca de 350 a 400 feridos por raio a cada ano. Não há ainda pesquisas que demonstrem que as tempestades estão mais fortes e perigosas do que no passado, embora a percepção em cidades como São Paulo são de que elas estejam cada vez mais intensas. O número de raios no país em 2008 foi maior que em 2007, principalmente nas regiões norte e nordeste, superando 60 milhões. De acordo com o levantamento do Elat, o recorde de mortes anterior a 2008 era de 2001, quando 73 pessoas morreram vítimas de raios no país. São Paulo liderou a lista, com 20 mortes, seguido por Ceará (7), Minas Gerais e Alagoas (6) e Rio Grande do Sul (5). No ano passado, 61% dos casos ocorreram no verão, dos quais 83% de pessoas que estavam ao ar livre e não procuraram ou não encontraram abrigo durante as tempestades.

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