Brasil

Portos do país são cada vez mais usados pelo tráfico

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postado em 08/02/2009 10:08
A vulnerabilidade dos portos brasileiros está facilitando a entrada de cocaína no Brasil, transformando o país em uma das principais rotas da droga, vinda especialmente da Colômbia. A apreensão de 3,8t do entorpercente, realizada na última quinta-feira, colocou as autoridades policiais em alerta. A cocaína foi descoberta depois de uma investigação da Polícia Federal, que utilizou informações da Drug Enforcement Administration (DEA), a agência antinarcóticos dos Estados Unidos, e do governo da Romênia, para onde a droga seria levada. A PF também está investigando a possibilidade de traficantes colombianos estarem usando o sistema financeiro brasileiro para lavagem de dinheiro. O que assustou as autoridades brasileiras foi a forma como a cocaína apreendida no Porto de Paranaguá (PR) entrou no país sem ser identificada. O contêiner com a droga passou pelos aparelhos de raios X, que não identificaram o pó, embalado em tábuas de madeira. Foi a segunda maior carga de cocaína que a Polícia Federal conseguiu deter antes que alcançasse seu destino. A primeira foi um carregamento descoberto na década de 1980, quando foram encontradas 7t do entorpecente no interior de Tocantins. A droga encontrada no Paraná pode ter chegado ao Brasil pelo mar. Segundo o delegado Paulo Tarso Gomes, coordenador-geral de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal, a investigação que gerou a apreensão recorde de cocaína ocorreu em pouco tempo. ;O trabalho foi realizado em uma semana;, diz. A apuração foi iniciada a partir da apreensão de 1,5t da droga na Romênia, que avisou o Brasil sobre o produto. O esquema foi o mesmo: a cocaína foi embarcada em portos brasileiros em contêineres de madeira beneficiada. A PF vai fazer, ainda este ano, um esquema de fiscalização portuária. Hoje, o trabalho é feito apenas pelo Núcleo de Polícia Marítima (Nepom) em alguns estados. Durante a investigação, depois da apreensão em Paranaguá, a PF descobriu que uma empresa de São Paulo, identificada como a exportadora do produto, tinha endereços falsos e a cocaína, provavelmente, vinha da Colômbia, por causa da pureza. ;Normalmente, a droga pura vai para a Europa. No Brasil, entra mais pasta base;, afirma Gomes. O produto que chega às ruas brasileiras geralmente é oriundo da Bolívia, que passou a ser o principal centro fornecedor de droga para a América do Sul, depois da repressão feita pelos americanos em território colombiano, a partir de 2004. A prisão na última sexta-feira de oito pessoas que podem ter ligações com Juan Carlos Ramirez Abadía, narcotraficante colombiano preso em agosto passado em São Paulo e extraditado para os EUA, fez com que a PF se aprofundasse em uma investigação em torno dos barões da droga ligados a cartéis da Colômbia. As autoridades brasileiras suspeitam de que, por ter um sistema financeiro onde o movimento de recursos é grande, o país possa ser alvo do narcotráfico para lavagem de dinheiro. Além disso, a aquisição de imóveis, carros de luxo e até aeronaves é outra forma de dissimular o dinheiro da droga. Com os presos da semana passada, foi encontrado um avião de 18 lugares que serviria para o transporte da cocaína.

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