postado em 17/02/2009 08:53
Desde que cercaram há duas semanas a Favela de Paraisópolis, a segunda maior de São Paulo com 80 mil habitantes, policiais militares do Comando de Operações Especiais (COE) compõem a paisagem de vielas estreitas. Até poucos dias atrás, as revistas eram frequentes. Ontem, policiais monitoravam o movimento e tentavam ganhar a confiança dos moradores com atendimento odontológico em um posto da PM. Agora, eles falam em promover uma virada cultural.
Desde que estão ali, os PMs já fizeram até parto e procissão na favela. ;Para mim, não mudou nada com a polícia aqui. Só que a gente fica mais assustada. Isso, sim;, diz Maura dos Santos, de 37 anos, que acompanhava a filha de 10 na aula de artes em uma ONG. ;Ela costumava ir sozinha, porque é perto, mas agora não tenho confiança. É muita arma;, afirma Maura. A onda de vandalismo, no dia 2, detonada pela morte de Marcio Purcino e a prisão de Antonio Galdino de Oliveira, cunhado de Francisco Antonio Cesário da Silva, o Piauí, um dos líderes do PCC, deixou marcas que alguns moradores não vão esquecer.
Em visita à comunidade, no sábado, o secretário de Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, prometeu que ;Paraisópolis voltará a ser um paraíso.; No que compete à sua pasta, no entanto, os resultados da Operação Saturação são pífios se comparados a 2008, quando a favela bateu recorde de apreensões - 8,5 toneladas de maconha apreendidas em um único dia pela 6ª Companhia do 16º Batalhão. Desde o dia 2, a polícia fez 10.642 revistas e encontrou 3,4 quilos de maconha, 337 gramas de cocaína, 1,3 kg de crack e 4 armas.