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Estudo recomenda que Brasil invista mais no atendimento a usuários de droga

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postado em 19/02/2009 09:35
O Brasil mereceu destaque no relatório anual sobre consumo e produção de drogas da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado nesta quinta-feira (19/02). Embora o país não apareça como produtor de drogas pesadas (cocaína ou heroína), acabou se tornando rota de passagem para traficantes rumo aos Estados Unidos e à Europa, e se transformou em grande consumidor. Por fazer fronteira com quase todos os países sul-americanos, o país é mais vulnerável à ação de traficantes, que ingressam com maconha e cocaína pelas cidades do interior até os grandes centros urbanos. A ONU elogiou a legislação adotada no país a partir de 2006, que propõe penas mais brandas para os usuários, ao mesmo tempo em que endurece a ação contra traficantes. Mas, o documento alerta o país para a necessidade de se criar infra-estrutura capaz de atender a viciados em drogas, para tratamento e reabilitação. Também enfatiza ser preciso haver políticas públicas de prevenção. Para o professor da Faculdade de Educação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Jairo Werner, é exatamente esse o ponto a ser perseguido pelo governo brasileiro. Médico e especialista em saúde mental, ele trabalha diretamente com a questão do uso de drogas, principalmente por crianças e adolescentes. "É preciso abrir centros de tratamento, inclusive formando consórcios entre municípios. Depois é preciso haver acompanhamento social do usuário e também de sua família", afirmou. Ele citou o caso do Rio de Janeiro, onde só existem 60 vagas para atender pacientes nessa faixa etária. ;Seriam preciso pelo menos 10 centros de tratamento na região metropolitana, com 20 leitos cada um;, calculou. Werner disse estar especialmente alarmado com o aumento ;exponencial; no uso de crack, droga feita a partir da cocaína, muito usada por pessoas de baixo poder aquisitivo. ;De forma geral, 90% [dessas pessoas] vivem nas ruas, têm entre sete e 16 anos e estão fora da escola;. Os outros 10%, de acordo com ele, são jovens de classe média, que começam a usar o crack fumando junto com cigarros de maconha. Segundo o médico, com um grama de cocaína é possível fazer pelo menos dez pedras de crack, o que torna o produto mais barato. ;Os usuários ficam pedindo moedas até completar R$ 1 para comprar a pedra. Mas como o efeito passa logo, em seguida eles precisam consumir mais;, relatou. Pelos dados que dispõe, ele calcula que existam cerca de 3 mil crianças e adolescentes viciados em crack na região metropolitana do Rio de Janeiro. "Estão se formando mini-cracolândias. Algumas chegam a ter até 200 jovens circulando por dia", denunciou. Werner considera insuficientes os esforços dos governos para enfrentar o que ele chama de ;epidemia do crack;, que deve continuar a aumentar. ;Isso é apenas a ponta do iceberg. O Brasil tem um potencial de crescimento muito grande para todas as drogas;, alertou.

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