postado em 21/02/2009 12:08
"Mamãe eu quero, Créu, Sou praieiro. Num raio de no máximo 1 quilômetro, marchinhas, axé, funk e hip hop ocupam diferentes palcos em espaços para eventos, praças, ruas e ladeiras da antiga capital de Minas Gerais e patrimônio cultural da humanidade, que tem o carnaval mais badalado do estado.
As canções tradicionais associadas, de forma geral, s cidades históricas, são hoje apenas uma faceta da festa que reflete a força de marketing das músicas que invadem as rádios do país. Uma diversidade que é celebrada por muitos, mas criticada pelos que acham a cidade perde suas raízes.
O folião que vier aqui hoje vai encontrar 'uma salada de frutas' muito grande. Se o poder público quisesse, poderia investir mais nos blocos tradicionais, que estão morrendo, afirmou o comerciante José Moreira, de 53 anos, dono de um misto de bar e mercearia, perto da Praça Tiradentes. Ele é organizador de um bloco que cobra preços populares e se dedica s marchinhas.
O público jovem que vem para Ouro Preto não quer ficar escutando marchinha de carnaval. Isso é fato. E o axé e o funk são tradições no Brasil, rebateu o estudante Leandro Felipe, de 24 anos.
Durante o carnaval, cerca de 50 mil pessoas devem visitar diariamente a cidade, cuja população fixa é de pouco mais de 70 mil habitantes. A programação oficial foi montada de forma a prestigiar artistas locais de todos os ritmos.
Para o patrimônio histórico, a prefeitura investiu aproximadamente R$ 1 milhão em apoios culturais, infra-estrutura medidas de segurança e estudos de impacto. Com impostos que serão arrecadados de blocos e organizadores de eventos, espera-se arrecadar R$ 300 mil. Segundo o secretário municipal de Cultura e Turismo, Gleiser Boroni, a opção pela diversidade é a mais coerente para potencializar a festa.
A cidade de Ouro Preto tem um formato em que cada folião busca aquele ritmo que mais o satisfaz. Temos que lembrar que nosso carnaval é um dos mais famosos do Brasil e de Minas Gerais. E Ouro Preto é uma cidade estudantil. Temos que respeitar isso. O poder público não pode arbitrariamente baixar um decreto para proibir o axé e o funk, argumentou Boroni.
Além dos cinco palcos onde ocorrem os shows noturnos, diversos blocos irão se apresentar nas ruas durante todas as tardes no carnaval. O mais antigo é o Zé Pereira dos Lacaios, fundado em 1867 por empregados do palácio do governador e mantido com uma filiação praticamente hereditária. O grupo desfila com bonecos conhecidos como catitões. Outros blocos, como o Bandalheira Folclórica Ouro-Pretana e o Balanço da Cobra, se destacam pela sátira política e social.
Outra peculiaridade ouro-pretana é o carnaval promovido pelas repúblicas de estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto e de faculdades particulares. Os casarões formam um mundo particular, com festas temáticas e bebidas alcoólicas servidas vontade aos hóspedes e visitantes durante 24 horas por dia.
Os mesmos estudantes organizam blocos com grande estrutura que se concentram durante o dia no Espaço Folia, uma área explorada por uma empresa privada no estacionamento do Centro de Artes e Convenções da cidade . Os abadás são vendidos em média a R$ 100. O preço inclui a bebida.