Brasil

A dura vida das rainhas da Sapucaí

Além de se apresentar no dia do desfile, as soberanas da festa carioca enfrentam dietas e uma agenda rigorosa


postado em 23/02/2009 08:57
Ser rainha do carnaval do Rio de Janeiro não é fácil. Representantes das mais variadas raças, faixas etárias e estados, as 12 soberanas do Grupo Especial carioca trabalham duro dentro e fora da avenida. Embora não somem pontos às agremiações, passam por uma maratona que inclui não apenas muito suor em academias e dieta mais do que balanceada, mas também horas-extras em outras funções de suas escolas. ;Quando comecei, as rainhas só apareciam no dia do desfile. No máximo, iam a um ensaio. Hoje temos que cumprir uma agenda, somos quase relações-públicas da escola. Às vezes, fica complicado para quem não vive de carnaval ou mora fora do Rio, como eu, mas faço com o maior prazer;, garante a rainha da Unidos da Tijuca, Adriane Galisteu, há 10 anos ostentando coroas (sete delas na Portela), que até paga para trabalhar. ;Fora as passagens para ir e vir, sempre desfilo com as fantasias feitas pelo Henrique Filho, e me arrumo com meu maquiador e meu cabeleireiro. A escola até me oferece, mas há muitos anos prefiro assim.; A rainha da Portela, Luma de Oliveira ; de volta à Sapucaí após três anos de ausência ;, conhece bem o trabalho na academia. Com 1,74m, para voltar a desfilar, de dezembro para cá ela passou de 68 para 64kg e perdeu 3cm de quadril, chegando a 101cm. Tudo isso sem fazer regime especial. ;Mesmo que quisesse, não conseguiria ficar com o corpo malhadão. Meu tipo é mais longilíneo. E gosto de doces. Esse negócio de comer clara de ovo... Esquece!”, diz. Veterana como Luma e Adriane, Luiza Brunet, que fará seu 25º desfile pela Imperatriz, também não é do time das emergentes ;coxudas; Gracyanne Barbosa (da Mangueira), Valeska Popozuda (da Porto da Pedra) e Juliane Almeida (da Viradouro). Ela decreta: ;Mulheres como a Melão e a Melancia vêm e passam. No ano que vem, outras virão. São coisas da democracia do carnaval;. Luiza Brunet, no desfile de 2008 da Imperatriz LeopoldinenseBalé Quase tão veterana ; apesar de ter 18 anos, há sete apresenta os ritmistas da Beija-flor ; Raíssa Oliveira não é tão radical, e encara a democracia como diversidade: ;Gosto muito das novas madrinhas. Elas trazem diversidade. A Valeska (da Gaiola das Popozudas) está dando um show, tem samba no pé. Assim não ficam só atrizes e modelos à frente da bateria;. Nessa linha, a dançarina de axé do É o Tchan Juliane Almeida ; que estreia na Viradouro com a responsabilidade de substituir Juliana Paes, depois de ser alçada ao posto de rainha por concurso ; também surpreende: frequentadora da escola de Niterói há sete anos, ela é bailarina formada em balé clássico e moderno. ;Vou inserir muitas piruetas no samba;, promete. Mais uma inovação num reino que já abriga uma miss (Natália Guimarães, da Vila Isabel) e uma atriz (Paola Oliveira, da Grande Rio), além da sambista de raiz Quitéria Chagas (do Império Serrano), de Thatiana Pagung (da Mocidade, que já deu expediente de diretora de cinema em Do barracão à Apoteose ; 80 minutos de emoção) e de Viviane Araújo (Salgueiro). ;Cada uma tem um perfil. Todas têm um porquê de estar à frente da bateria;, diz Luma. SUSTO NO SAMBÓDROMO A modelo Luiza Brunet levou um susto na madrugada de sábado, quando se preparava para desfilar pela escola do grupo de acesso carioca Acadêmicos da Rocinha. Ela teve uma queda de pressão, acompanhada por tonturas. A rainha teve de ser escoltada por seguranças até o posto médico do sambódromo. Brunet foi para casa descansar e se preparar para ficar à frente da bateria da Imperatriz Leopoldinense, que se apresenta hoje à noite.

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