Brasil

Viradouro apresenta Bahia como terra do biocombustível

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postado em 23/02/2009 16:21
A Viradouro espera contar com a ajuda dos orixás da Bahia para conquistar o título de campeã do Grupo Especial do Rio este ano. Há 12 anos sem vencer o carnaval carioca, a escola mostra na avenida a contribuição baiana para produção de biocombustíveis. Questionado sobre o ponto forte da vermelho e branca, o carnavalesco Milton Cunha não titubeia: "A energia do negro." A Viradouro é a sexta a desfilar na noite de hoje e deve entrar na Sapucaí entre 2h25 e 3h40. Milton Cunha relaciona o princípio dos combustíveis verdes à tradição dos povos africanos, que influenciaram a religião e a cultura da Bahia. "O preto velho sempre socou as plantas com pilão para tirar delas o axé, o mesmo axé que as empresas hoje extraem para fazer o biocombustível", diz. Com o enredo "Vira Bahia, Pura Energia", a escola leva para o sambódromo 3,5 mil componentes, 40 alas e oito alegorias. A Viradouro promete suscitar o debate sobre o meio ambiente, falando até das metas do Protocolo de Kyoto, acordo internacional para redução das emissões de gases causadores do efeito estufa. O setor "Axé, o Protocolo do Bem é meu Rei" vai exaltar a contribuição da Bahia para o cumprimento do acordo. O Estado é tratado como protagonista de um movimento nacional a favor dos combustíveis alternativos, pela conservação ambiental. Para Milton Cunha, a atitude ecologicamente correta vem desde os ancestrais africanos dos baianos. "Os negros sempre souberam usar as forças da natureza", diz. "Nossa crítica vai para os que acham que respeitar a natureza é moderno, porque os negros fazem isso há muito tempo e os Orixás sempre estiveram ligados à natureza. Na passarela, desfilam alas sobre a energia extraída da mamona, do dendê, do bagaço de cana e do pinhão manso. Um setor da escola vai homenagear as belezas da capital baiana, Salvador. "O carro 'As Ruas de São Salvador' traz a reprodução dos pontos turísticos da cidade, como o Mercado Modelo, o Pelourinho e as igrejas barrocas", adianta o carnavalesco da escola. A tarefa de cantar o samba-enredo repleto de gírias regionais e palavras de origem africana fica a cargo do intérprete David do Pandeiro. O ritmo, por conta dos 326 integrantes da bateria do mestre Ciça, que têm à frente a rainha Juliane Almeida. Confira a seguir o samba-enredo, composto por Heraldo Faria, Flavinho Machado, Edu Velocci, Raphael Richaid e Floriano do Caranguejo. "Vira Bahia, Pura Energia" Quando Orum se encontra com Ayê Oh! Mãe-Pátria! Salve a sabedoria Eu quero caminhar com a Natureza Me ensina a desvendar toda essa riqueza Recebo do seu chão a energia E bate bem forte o tambor Nas ruas de São Salvador Conduz os meus passos, Senhor do Bonfim Olorum mandou cuidar do seu jardim E disse mais, vai buscar na mata No biocumbustível a nossa proteção Filha do sertão no Tabuleiro Dendê, meu dengo, óleo de cheiro Um dia Oxalá iluminou Tocou no coração da nossa gente O acordo do bem se faz oração O mar não pode invadir o meu sertão Sopra um vento nos canaviais Brota a doce esperança de paz Na força do trabalho dessa gente Do bagaço nasce um tesouro O lixo se veste de luxo, reluz em ouro A água deixa o céu e se abraça com o chão Renova a energia sob as bênçãos de um trovão Vermelho e branco, que paixão A Viradouro pede axé Caô, Xangô, Iansã, Yalodé Vira-Bahia, pura energia Explode num canto de fé

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