postado em 24/02/2009 18:00
Recife - O governo de Pernambuco não vai dar proteção especial aos sem-terra de São Joaquim do Monte, a 137 quilômetros do Recife, no agreste, como pediu, em nota divulgada nesta segunda-feira (23/02), o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST). "A obrigação do governo é dar proteção a quem está sob custódia do Estado", afirmou o secretário estadual de Articulação Social, Waldemar Borges.
Ele se referia aos dois integrantes do movimento - Aluciano Ferreira dos Santos, 31 anos, e Paulo Cursinho Alves, 62 - que estão presos no presídio de Caruaru, também no agreste, acusados da morte, na tarde do sábado, de quatro seguranças da Fazenda Consulta, em São Joaquim do Monte. De acordo com o MST, o crime foi em legítima defesa e o seu líder, Jaime Amorim, disse temer represália contra os trabalhadores que se concentraram na Fazenda Jabuticaba, próxima à Consulta, depois do episódio.
De acordo com Valdemar Borges, somam 11 as reintegrações de posse já concedidas pela justiça a cada uma das fazendas - Consulta e Jabuticaba - reivindicadas pelo MST. Ele observou que governo tem procurado mediar a situação, na busca de uma solução, mas tem seus limites, "e o limite é a lei".
SEM DIREITO DE MATAR - "Nenhum movimento tem o direito de matar pessoas", frisou o governador Eduardo Campos (PSB), ao afirmar que não prejulga nem criminaliza o MST, o inquérito é que vai indicar o que aconteceu e a justiça que vai julgar. Observou, no entanto, que "pessoas do movimento cometeram o crime e têm que responder por ele".
"O governo não tolera violência nem de um lado, da parte de fazendeiros sobre os trabalhadores, nem do outro", disse Eduardo Campos, ao observar que o governo agiu de pronto, prendendo dois dos acusados do crime. "A apuração está sendo feita com rigor".
O delegado de São Joaquim do Monte, responsável pelas investigações, Luciano Francisco Soares, informou que continua na busca dos outros dois sem-terra foragidos - um deles ferido no conflito, Romero Severino da Silva, e um outro não identificado - que estariam diretamente envolvidos no crime. Na quinta-feira (26/02) ele ouvirá o depoimento de um segurança da Fazenda Consulta que conseguiu escapar da chacina. Um grupo da Companhia Independente de Operações e Sobrevivência na Área da Caatinga (Ciosac), da Polícia Militar, está na área de maneira preventiva, segundo o secretário Waldemar Borges, para manter a ordem.
O superintendente do Incra, Abelardo Siqueira, se reunirá nesta quarta-feira (25/02) pela manhã, em Caruaru, com a direção do MST e à tarde segue para São Joaquim do Monte, onde pretende falar com o delegado e ir até o acampamento do movimento. "Somente depois disso, poderei fazer uma avaliação", afirmou ele nesta terça-feira (24/02), por telefone.