postado em 27/02/2009 08:01
Apesar de todos os efeitos positivos da lei seca para a educação do motorista brasileiro, as estatÃsticas mostram que ainda falta um longo caminho a ser percorrido para a redução dos acidentes e mortos nas rodovias do paÃs. Os resultados da Operação Carnaval, realizada pela PolÃcia Rodoviária Federal (PRF) de sexta-feira até a última quarta, revelaram a ocorrência de 2.865 acidentes, crescimento de 20% em relação ao mesmo perÃodo do ano passado ; quando foram registrados 2.396. O número de mortes neste ano (127) permaneceu praticamente o mesmo de 2008 (128), com a redução de um óbito. O total de autuações passou de 156.919 para 176.815 (alta de 12%), dos quais 120 mil por radares e 862 por bafômetros. As informações foram divulgadas ontem no hangar da PRF em BrasÃlia.
Estado com a maior malha rodoviária do paÃs, Minas Gerais lidera o ranking de acidentes em números absolutos durante o feriado de carnaval. Foram 471 acidentes, com 21 mortes e 347 feridos. Em seguida aparece Santa Catarina, com 366 desastres, 19 óbitos e 217 feridos. O terceiro colocado foi o Rio de Janeiro, com 267 acidentes ; 10 mortes e 131 feridos. Maranhão e Rio de Janeiro foram os estados que registraram maior número de mortes (10 cada um), seguidos pela Bahia (oito) e por Pernambuco (sete).
Embora o número absoluto de mortes tenha permanecido estável, houve uma redução da chamada taxa de fatalidade ; divisão do número de mortos pelo número de acidentes. A PRF considera que a lei seca foi fundamental para essa queda. ;No ano passado, morreu uma pessoa a cada 18,7 desastres. Já neste ano, foram necessários 22,5 acidentes para causar uma morte;, explica o diretor-geral da PolÃcia Rodoviária Federal, inspetor Hélio Derenne. ;O nosso primeiro objetivo é a preservação de vidas. Por isso, não vamos comemorar enquanto pessoas estiverem sendo vÃtimas de acidentes de trânsito de forma tão absurda e, muitas vezes, irresponsável;, completa.
Questionado sobre os poucos resultados positivos da lei seca, em vigor desde julho do ano passado, o inspetor Alexandre Castilho, da PolÃcia Rodoviária Federal, minimizou as crÃticas. ;Não imaginávamos que a lei seca tivesse um resultado imediato. Houve uma redução importante nos primeiros meses, mas em razão da cautela e do assunto estar sendo tratado intensamente pela mÃdia. Essa lei deve reduzir o número de óbitos e acidentes a longo prazo;, pondera.
Justificativas
De todos os fatores adversos causadores de acidentes nas rodovias federais, a embriaguez é a que traz maior preocupação para a PRF. ;O primeiro sintoma para quem está sob o efeito do álcool é a euforia, que faz o motorista correr mais e com menos atenção. As estatÃsticas mostram que os acidentes com pessoas alcoolizadas são muito mais graves e fatais. Por isso, toda essa cruzada contra a mistura bebida e direção;, afirma o diretor-geral da PRF, lembrando que menos de 2% dos acidentes têm como causa a má conservação das estradas.
A alta do dólar, de aproximadamente 32% em um ano (R$ 2,39 ante R$1,74), o aumento da frota de veÃculos em 9,8% (quase 5 milhões de carros a mais em circulação) e a elevação de até 60% no fluxo de automóveis em estados como Santa Catarina, Minas Gerais e Rio de Janeiro foram as principais causas apontadas para o salto do número de desastres nas rodovias federais. ;A alta do dólar obrigou muitas famÃlias a mudar seus planos de viagem e optar por roteiros nacionais. Além disso, o aumento considerável da frota de carros e do fluxo em alguns estados contribuiu para esse resultado;, justifica o inspetor Alexandre Castilho.
» Ouça: trecho da entrevista com o inspetor Hélio Derenne, diretor-geral da PRF