Brasil

Ritmo de desmatamento na Amazônia cai 70%

Ministro Carlos Minc comemora diminuição para 754km² da derrubada da floresta entre novembro de 2008 e janeiro deste ano. No mesmo trimestre do ano anterior, região perdeu uma área de 2.527km²

postado em 04/03/2009 08:00
A Amazônia perdeu 754 quilômetros quadrados de florestas entre novembro de 2008 e janeiro de 2009. Embora o número seja 70% menor do que o desmatamento verificado no mesmo trimestre anterior, a área devastada é considerável ; equivale aos territórios de Brasília e Gama juntos. E a degradação deve ser ainda maior, porque o acúmulo de nuvens nessa época do ano na região amazônica impede que os satélites de detecção do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) cubram toda a área monitorada. Mesmo com ressalvas, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, comemorou o dado. ;O trabalho do Ibama, da Polícia Federal, os leilões de boi pirata e de madeira pirata explicam essa queda significativa;, afirmou o ministro. O aumento de nuvens na região de 60% para 75%, comparando o período recente com o trimestre anterior, não explica a queda de devastação identificada, na avaliação de Minc. ;A redução do desmatamento foi muito maior que a ampliação na cobertura das nuvens. Portanto, esse fator climático poderia explicar uma pequena parte da queda nos índices de degradação, mas não toda a redução;, opina o ministro. O Pará continua a liderar o ranking da degradação, tendo desmatado 318,7 quilômetros quadrados, quase 50% do total devastado. Em seguida vem Mato Grosso, com 272,3 quilômetros quadrados. Maranhão se consolidou na terceira colocação, tendo devastado 88,4 quilômetros quadrados. Para a delegada Fernanda Santos, que trabalha na área de fiscalização ambiental da Polícia Federal, o aumento da devastação no Maranhão pode estar relacionado ao fortalecimento das inpeções nas áreas tradicionalmente problemáticas do Pará, Mato Grosso e Rondônia. ;Talvez nossas ações ; que, apesar da falta de efetivo suficiente, intensificaram-se muito ; tenham levado os criminosos a explorarem outras áreas;, explica a delegada, lembrando que neste mês a Operação Arco de Fogo, desencadeada pela PF junto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) contra madeireiros, completa um ano. A área mais afetada do Maranhão, de acordo com Minc, é próxima ao município de Imperatriz, onde começa a Transamazônica. ;Há muita carvoarias naquela região;, explica. Contratações Para fortalecer a fiscalização, Minc anunciou a contratação ainda este ano de mil agentes. O acordo foi fechado na manhã de ontem com o ministro Paulo Bernardo, do Planejamento. ;O concurso público será feito para que o Ibama contrate 550 fiscais e o Chico Mendes mais 450. Eles farão a fiscalização em unidades de conservação da Amazônia. Precisamos da presença física do agente para coibir as atividades ilegais;, afirmou Minc. As seleções, de acordo com o ministro, estão garantidas, inclusive com dinheiro já alocado no orçamento. ;Não será preciso remanejar a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), são cargos que já existiam. Agora conseguimos priorizá-los;, afirma Minc. » Áudio: ouça entrevista com o ministro Carlos Minc

Reflorestar e receber O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, defendeu ontem a implantação de um programa de pagamentos por serviços ambientais na Amazônia, durante lançamento de um estudo feito por técnicos da pasta, em parceria com outros pesquisadores, sobre o assunto. A ideia é remunerar proprietários rurais pela recuperação de florestas, matas ciliares e rios. ;Já temos algumas experiências pequenas no Brasil, como uma no Rio de Janeiro, que têm dado resultados positivos. Por que não ampliar o projeto? Se a natureza é tão importante para a sociedade, vamos pagar para que ela seja recuperada. Dessa forma, mostrando que conservar dá dinheiro, mudaremos a mentalidade das pessoas;, defendeu Minc. A previsão traçada no estudo divulgado ontem é de que um programa de pagamentos por serviços ambientais poderia reduzir em 8,3 milhões de hectares, numa projeção modesta, ou até 13 milhões de hectares, nos cálculos mais otimistas, a área de desmatamento na Amazônia até 2016. Para tanto, o custo total do projeto variaria entre R$ 18 bilhões e R$ 36 bilhões, de acordo com algumas variáveis, tais como preço uniforme por hectare reflorestado, entre outras questões. Minc afirmou que as fontes de recursos para o programa são variadas. ;Uma seria o Fundo Amazônia, a outra pode ser o fundo de recursos hídricos. Pode ser também um dinheiro reservado em orçamento, caso o Congresso vote um projeto já tramita sobre os pagamentos por serviços ambientais;, explica o ministro.

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