Brasil

Cassel diz que diz que assassinatos de seguranças foram ;completa irresponsabilidade; do MST

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postado em 04/03/2009 08:05
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, culpou ontem a coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Pernambuco pelas mortes de quatro seguranças das fazendas Jabuticaba e Consulta, localizadas no município de São Joaquim do Monte, no agreste pernambucano, no último dia 21. Assim como fez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na terça-feira, Cassel considerou ;inaceitável; o argumento de legítima defesa usado pelos líderes dos sem-terra para justificar as mortes. ;Foi completa irresponsabilidade da coordenação do movimento. Acho que, agora, isso é um problema de polícia. Essas mortes não podem ser encaradas de forma natural;, disse. Ligado historicamente ao MST, Cassel considera mortes inaceitáveisCom ligações políticas históricas com o MST, o petista Cassel não aceita a desculpa de que o agravamento do conflito em Pernambuco levou às mortes dos seguranças. E classificou de irracionalidade dos líderes dos sem-terra a elevação do nível de tensão na área. ;O MST, tanto quanto os fazendeiros, tem que ter um mínimo de bom senso e de racionalidade para saber até onde vão levar o conflito. Quando se leva o conflito para uma situação limite, você é responsável por isso;, criticou. Cassel também lembrou que os líderes dos sem-terra poderiam ter chamado a ouvidoria do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para intermediar o conflito e evitar as mortes. ;Os sem-terra poderiam muito bem ter chamado o Incra, nós colocaríamos a ouvidoria agrária lá;, lamentou. Cassel também lembrou que os crimes poderiam ser evitados com a intervenção do governo de Pernambuco, que, segundo ele, é parceiro dos movimentos sociais. Responsável pelo programa de reforma agrária do governo, o ministro fez questão de separar as situações de Pernambuco e a do Pará, onde os sem-terra invadiram três fazendas do grupo agropecuário Santa Bárbara, que tem como um dos sócios o banqueiro Daniel Dantas. Segundo Cassel, as invasões no Pará são políticas e foram decididas em resposta às declarações do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, que criticou o repasse de verbas do governo para entidades ligadas ao MST . ;No Pará, a ação dos movimentos sociais é natureza política. É do jogo;, justificou. Desarmamento Depois de uma longa reunião com a participação do ouvidor agrário nacional, Gercino Silva Filho, de representantes do MST, dos proprietários das fazendas, polícias Federal e Militar e promotoria agrária estadual, os sem-terra aceitaram desmontar o acampamento da fazenda Jabuticaba, onde ocorreram as mortes. O Incra deve acompanhar a saída dos agricultores hoje e fará vistoria na área. Durante a reunião, realizada em Recife, a comissão nacional de combate à violência no campo decidiu exigir do governo de Pernambuco uma operação para desarmar todos os militantes dos movimentos pró-reforma agrária no estado. ;A meta é que se tomem as providências para acabar com todo tipo de milícia que está atuando na zona rural de Pernambuco, principalmente quando armada e de forma ilegal;, afirmou Silva Filho. A decisão de desarmar o campo, inclusive as fazendas privadas não invadidas pelos sem-terra, foi tomada em conjunto. No entanto, o coordenador do MST em Pernambuco, Jaime Amorim, vê dificuldade no desarmamento dos seguranças das usinas de álcool e açúcar do estado. ;É um sonho;, criticou. O delegado responsável pela apuração das mortes nas duas fazendas, Luciano Francisco Soares, ainda procura dois sem-terra foragidos, suspeitos de terem participado do crime. » Áudio: entrevista com o ministro Guilherme Cassel
Resposta a Lula O coordenador do MST em Pernambuco, Jaime Amorim, contestou ontem a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva feita na terça-feira sobre as mortes de seguranças em duas fazendas no estado. Na mesma linha adotada depois pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, Lula disse que não aceitava o argumento de legítima defesa usado pelo movimento para justificar as mortes. Amorim afirmou que, desta vez, ;os sem-terra souberam se defender;. ;Certamente, não disseram a ele (Lula) as condições em que houve o confronto. Afinal, se explicassem que há oito anos o Incra não consegue desapropriar aquelas áreas (as fazendas Consulta e Jabuticaba), que os pistoleiros iam matar os trabalhadores e que eles se defenderam para continuar vivendo, certamente a avaliação dele seria outra;, rebateu. Amorim insistiu na tese de legítima defesa: ;Nesse momento, não há outra explicação para o que houve, a não ser o fato de que os trabalhadores, que sempre são vítimas de chacinas, dessa vez souberam se defender e continuam vivos para lutar;.
;Sem estardalhaço; Mirella D;Elia Da equipe do Correio O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, reagiu ontem às declarações do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, que, na semana passada, cobrou do Ministério Público a fiscalização dos repasses de dinheiro público a entidades ligadas a movimentos de trabalhadores rurais sem-terra. Em defesa do órgão chefiado por ele, Antonio Fernando disse que o MP já trabalha nesse assunto há muito tempo, ;sem estardalhaço;. Para ele, pode ter havido ;desconhecimento; do ministro ao mencionar o tema. Segundo o procurador, há investigações abertas em diversos estados ; como São Paulo, Alagoas, Pernambuco e Goiás ; para apurar irregularidades no que diz respeito à questão agrária. ;O Ministério Público já trata do assunto. Talvez possa ter havido desconhecimento. Os fatos demonstram que nós já estamos atuando;, disse Antonio Fernando, em entrevista em seu gabinete. Antonio Fernando disse também que a violência no campo ;não é algo que se possa resolver em uma conversa, em uma afirmação solta ou em uma entrevista;. Mesmo assim, o procurador evitou entrar em confronto direto com o presidente do Supremo. ;Não faço julgamento de autoridades;, afirmou. Na semana passada, Mendes criticou as invasões de terras que ocorreram em São Paulo e Pernambuco. ;É preciso que a Justiça dê a resposta adequada, que o Ministério Público tome as providências para verificar se não está havendo financiamento ilícito a essas instituições;, afirmou

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