Brasil

Mulheres fazem passeata em defesa do aborto em São Paulo

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postado em 08/03/2009 13:08
Em manifestação realizada hoje (8) nas ruas de São Paulo, militantes do movimento feminista lembraram o Dia Internacional de Luta das Mulheres pedindo soluções para a crise econômica mundial e a legalização do aborto. ;Não foram as mulheres que causaram a crise desse sistema capitalista e machista. Não somos nós que controlamos essa dinâmica e não somos nós que devemos pagar por ela;, disse a pesquisadora da Universidade de Campinas (Unicamp) Mariana Cestari, uma das coordenadoras da manifestação. Segundo ela, o movimento feminista luta hoje para que, apesar da crise econômica, o governo federal consiga desenvolver políticas para manutenção da estabilidade do emprego. ;Temos muito ainda a conquistar nesse universo de desigualdade em que vivemos no país;, afirmou a coordenadora estadual da União Brasileira de Mulheres, Rosina Conceição de Jesus, em entrevista à Agência Brasil. Presente à manifestação, a zeladora Carmen dos Santos, que usa cadeira de rodas para se locomover, considerou a data importante por marcar a luta das mulheres por seus valores. Para Carmen, a grande luta da mulher brasileira, nos dias de hoje, é a questão da violência. ;A violência dos homens, dos maridos. As mulheres têm que lutar por esse direito para terem mais valor.; Combatida pela zeladora, a violência foi o principal alvo de protestos na manifestação feminista. De acordo com Mariana Cestari, uma mulher é espancada a cada 15 segundos no Brasil, e 70% dos casos ocorrem dentro de casa. ;Estamos nas ruas para denunciar e para encorajar as mulheres a denunciar a violência e para reivindicar políticas públicas amplas de combate à violência;, disse ela. ;Mesmo com toda essa luta, a gente ainda não conseguiu superar isso [a questão da violência contra a mulher]. A Lei Maria da Penha é uma dessas grandes conquistas, mas ainda precisa ser de fato aplicada;, disse Rosina. Apesar de as mulheres terem sido maioria na manifestação, muitas crianças e homens acompanharam a caminhada. O sociólogo e professor Rodrigo de Carvalho, que carregava o filho Francisco no colo e acompanhava a mulher, participou da caminhada porque também defende igualdade de condições entre homens e mulheres. ;Acho que o principal problema da atualidade [para as mulheres] continua sendo o trabalho. Hoje , temos mais universitárias, mas isso não se reflete, por exemplo, no mercado de trabalho. Nem nos salários, porque normalmente existe uma redução do salário das mulheres;, afirmou. A passeata, que teve início na Avenida Paulista e terminou com um ato em defesa da legalização do aborto no Parque Ibirapuera, atraiu cerca de mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar. Aos 72 anos, a dona de casa Piedade Maria dos Reis era uma delas. Ela disse que, apesar da idade, ;não se entrega; e continua lutando pela causa das mulheres.

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