postado em 14/03/2009 11:55
O arcebispo de Estrasburgo, monsenhor Jean-Pierre Grallet, enviou neste sábado (14/03) uma carta aberta à menina brasileira de 9 anos que abortou depois de ter sido estuprada pelo padrasto, e cuja mãe foi excomungada, ao considerar que a menor "não estava muito presente nos debates".
Monsenhor Grallet denunciou a "falta de humanidade" com as pessoas que a cercam e a pouca condenação do autor do estupro, segundo o documento de duas páginas transmitido à AFP.
"Acabas de viver um longo e doloroso calvário, teu padrasto, movido quem sabe por quais sórdidas pulsões, se apoderou de ti, violando tua intimidade e todo o teu ser", escreveu à menina, chamando-a de Maria, em referência à Maria, mãe de Jesus.
"Tanto desprezo machista, tanta indignidade, tanto egoísmo incestuoso me estremecem", denunciou o arcebispo.
"Sofro pensando em tua mãe, em tua pena, nos sofrimentos físicos e morais que viveu". Também penso nos médicos que te atenderam e em seu dramático caso de consciência", acrescentou.
"Como alguns legalistas, em nome de uma lei não obstante tão necessária, puderam condenar com tanta frieza e segurança uma decisão tão dolorosa de sobrevivência? Não teria que, antes de mais nada, condenar o malfeitor, atuar sem tardar por ti, a vítima, e oferecer apoio às pessoas que acudiram em te ajudar?", perguntou-se monsenhor Grallet.
"Recordar o direito sem a misericórdia não é mais que uma caricatura do direito", frisou