postado em 19/03/2009 13:07
A garota de programa que espancou um bebê de um ano e dois meses e a mãe dele poderá responder pelo crime de tortura. O presidente da Comissão de Direitos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Mário de Oliveira Filho, afirmou que a série de agressões a que vinha sendo submetida a mãe e a criança e os sinais em seus corpos demonstram o crime.
"Foi uma série de agressões. Pelos sinais, pode caracterizar o crime de tortura, que é grave e imprescritível", diz o advogado, que vai acompanhar o caso.
Valdecina Alves Almeida, de 33 anos, está presa e foi indiciada por tentativa de homicídio qualificado e uma das qualificadoras é ter sido praticada mediante tortura ou meio cruel. A mãe do menino, Luciene Barbosa, 19 anos, era amiga de infância de Valdecina e veio da Bahia há apenas dois meses para cuidar da filha de Valdecina, de 2 anos.
"Na sexta-feira ela me jogou na parede. Ela encostou a faca na minha boca, disse que se eu falasse alguma coisa me matava", conta Luciene que foi acolhida por uma vizinha.
O bebê está internado em estado grave no Hospital Universitário, mas não corre risco de morrer. Os sinais da violência estão em todo o corpo. Foi Valdecina quem o levou ao hospital.
A criança estava com a cabeça raspada, uma perna quebrada, queimaduras no abdômen e no pênis, além de vários hematomas pelo corpo. À polícia, ela disse que estava cansada do choro da criança.
"Eu trabalho a noite toda, chego cansada de manhã. Falei vai lá para o fundo, para ele não ficar chorando na minha cabeça. Ela não dava importância. Eu peguei, nervosa, bati no menino e bati nela. Eu acho covarde, não poderia fazer isso", disse a garota de programa aos prantos.
A delegada Fátima Giasseti afirmou que a violência contra o bebê surpreendeu até mesmo os policiais.
"Meu investigador chegou de lá chocado. As marcas mostram que ele recebeu golpes com cabine, como a mãe conta", diz ela.
Segundo a delegada Fátima Giassetti, Valdecina costumava agredir a criança pelas manhãs, quando chegava do 'trabalho' .
"Ela tapava os olhos e a boca do bebê com fita adesiva e batia com um cabide de camisa nas costa dele. Depois, pegava um isqueiro e começava a queimá-lo. Nunca tinha visto nada parecido", contou a delegada.
Luciene também tem marcas da agressão no pescoço e nas costas e o olho roxo, com hematoma, de tanto apanhar. Ela era agredida sempre que tentava interceder pelo filho ou descumpria alguma ordem.
"Me dava uns momentos de raiva e cegueira. Só depois eu via o que tinha feito", tentou justificar a garota de programa.
Segundo a delegada, a mãe não procurou ajuda porque é uma pessoa sem instrução e vivia sob ameaças.
As vítimas moravam com a patroa desde janeiro, quando Valdecina as trouxe, prometendo um salário de R$ 300 por mês para Luciana. Porém, a jovem disse jamais ter recebido dinheiro e explicou que vivia trancada em casa.
Valdecina foi encaminhada para a cadeia de Itupeva, no interior do estado. Luciene receberá atendimento psicológico para acompanhar o tratamento da criança.
As informações são do SPTV e do jornal O Globo