Brasil

Semiárido nordestino servirá de base para a instalação de um telescópio

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postado em 22/03/2009 10:43
Proclamado o Ano Internacional da Astronomia pela Organização das Nações Unidas, 2009 começou bem para o Brasil nesse campo. Pela primeira vez, o país terá um telescópio exclusivo de monitoramento de asteroides que podem colidir com a Terra. A estimativa é de que haja cerca de 100 mil objetos próximos do nosso planeta, medindo mais de 140km de diâmetro, tamanho suficiente para causar uma tragédia localizada. Desses, aproximadamente 1 mil têm mais de 1km e potencial para arrasar, nas previsões mais otimistas, um continente inteiro. Coordenado pelo Observatório Nacional, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, o telescópio deve ser instalado no primeiro semestre deste ano num município encravado no semiárido pernambucano. Itacuruba, com 4 mil habitantes e extensão inferior a 500km2, foi o cenário escolhido para implantar a máquina, fabricada parte na Austrália e parte na Alemanha. O atrativo do município, que tem 300 dias de céu limpo e sem chuva, são as condições naturais. ;Para fazer observações, precisamos de tempo seco e ausência de nuvens. Achamos a cidade ideal. Depois de iniciarmos as operações, se verificarmos algum inconveniente, podemos mudar de local, nada está descartado;, afirma Daniela Lazzaro, astrofísica que coordena os trabalhos do novo telescópio dentro do projeto Iniciativa de Mapeamento e Pesquisa de Asteroides nas Cercanias Terrestres do Observatório Nacional, cuja sigla é Impacton. A ideia, de acordo com Daniela, é acompanhar os objetos potencialmente perigosos que orbitam a Terra para conhecê-los melhor. ;Não é só identificar e calcular o tamanho deles. Vamos estudar a trajetória precisa dos corpos e saber se estão em uma rota de colisão. Além disso, analisaremos as propriedades físicas desses objetos para verificar do que são feitos, se o material é denso, esponjoso. Até porque isso também determina o estrago que eles podem fazer, não apenas o diâmetro que têm;, destaca a coordenadora do Impacton. Ela esclarece, entretanto, que os riscos de uma catástrofe por um choque com asteroides é pouco provável. ;Diria que as chances estão na ordem de uma ocorrência de gravidade média a cada 100 mil anos. Mas, veja, isso é probabilidade, não é determinístico. Pode cair um este ano e outro no seguinte;, diz a astrofísica. Os desdobramentos de um choque com a Terra são a maior preocupação dos cientistas. ;O risco é muito pequeno, mas com grandes consequências, então é melhor observar. Se sabemos hoje que daqui a uma semana um asteroide vai cair, a recomendação é relaxar, porque não teremos como fazer nada. Mas se identificarmos um choque que ocorrerá daqui a um ano, poderemos mandar um satélite com uma bomba para desintegrá-lo;, explica Daniela. Apesar de serem remotas as chances de um acidente com asteroides, astrônomos do mundo inteiro relataram, no último dia 2, a passagem muito próxima da Terra de um objeto semelhante ao que caiu em Tunguska, na Sibéria, em 1908. O evento de Tunguska é o mais recente, com consequências graves, da história. Em 30 de junho daquele ano, às 7h15, uma bola de fogo atravessou o céu e houve uma grande explosão. A liberação de energia derrubou cerca 2 mil quilômetros de floresta. Como não havia cratera, acredita-se que o objeto de cerca de 60m teria explodido 8km antes de atingir o solo, provocando um incêndio de proporções assustadoras. ;A maioria dos corpos que chegam à Terra vem do cinturão dos asteroides, entre Marte e Júpiter. Mas são partes tão pequenas que não causam nenhuma consequência;, diz Daniela.

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