A morte da menina Isabella Nardoni Oliveira completa um ano no próximo domingo (29/3), mas a mãe dela, Ana Carolina Oliveira, não consegue esquecer a tragédia. Ao GLOBO, disse que tem lembranças constantes do dia em que Isabella foi jogada do 6º andar do apartamento do pai e da madrasta, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, e uma saudade enorme da filha. A Justiça de São Paulo julga nesta terça-feira (24/3) novo pedido dos advogados do casal para anular a decisão de levá-lo a júri popular.
Como se sente hoje?
ANA CAROLINA OLIVEIRA: Minha vida mudou, mas continuo minha rotina de trabalho e indo à terapia toda semana. Tenho uma amiga com quem desabafo e uma grande ajuda em casa. Sempre lembramos de Isabella, dos seus costumes, do que gostava de comer, de alguma coisa do jeitinho dela.
Fotos e ursinhos de Isabella estão por toda a casa. Ela não volta, mas tenho lembranças ainda maiores dela e uma saudade imensurável. O que mais me deixa triste é não conseguir sentir o cheiro dela, não ter o cheiro dela nas roupas. Penso nela o dia inteiro, tenho fotos e objetos dela no meu trabalho.
O que tem sido mais difícil?
ANA CAROLINA: O dia do aniversário dela, 18 de abril, foi muito triste. Tínhamos programado uma festa e ela estava esperando muito o dia do aniversário. Já tinha pagado o bufê e estava com os convites.
Outras datas muito marcantes foram Natal e Ano Novo, quando sempre estávamos juntas. Senti uma falta absurda dela e foi muito difícil suportar. Eu me apeguei em Deus. Tive a ajuda da minha família, da minha mãe, do meu pai e de amigos.
Consegue esquecer 29 de março de 2008 (dia do crime)?
ANA CAROLINA: Não, jamais. É difícil esquecer. A única cobrança que tenho é de não poder estar ali com ela naquele momento, de não poder ter evitado o sofrimento. Lembro da hora em que cheguei no prédio logo após a queda, do momento em que a levávamos para o hospital, do velório e do enterro.
Quais são seus planos?
ANA CAROLINA: Planos efetivos, não tenho. Mas ter filhos, com certeza, quero. Se Deus quiser, Ele vai me dar. Mas sou nova, tenho 24 anos. É um projeto longo.
Você se apegou a sua afilhada, que tem a mesma idade de Isabella?
ANA CAROLINA: Sim, tenho três sobrinhos. A minha afilhada, Giovana, tem a mesma idade da Isabella. As duas eram super amigas. Agora, mais do que nunca a gente está sempre junta. Ela vai à minha casa todos os dias. Giovana também fez terapia, logo depois da morte da prima.
Voltou à escola de Isabella?
ANA CAROLINA: Voto naquela escola. Já votei lá duas vezes depois da morte da minha filha. Cheguei na porta no primeiro turno das eleições do ano passado e pensei: voto ou justifico. Acabei votando.
Texto de Wagner Gomes